Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) procuraram autoridades políticas e jurídicas na tentativa de reverter a prisão em flagrante do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Entre os acionados para as tratativas com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estavam Michel Temer e Gilmar Mendes.
Bolsonaristas procuraram Temer por meio do ex-ministro de seu governo, Carlos Marun, conforme apuração da coluna de Bela Megale, do Globo. Cauteloso com pedidos que envolvem figuras poderosas na política brasileira, o ex-presidente costuma preferir conversas presenciais para tratar do que considera como temas delicados.
Te podría interesar
O ministro do STF Gilmar Mendes também foi acionado para interceder junto a Moraes, segundo a jornalista. Mendes é visto pelos bolsonaristas como um dos principais interlocutores da Corte com o mundo político, assim como Dias Toffoli.
Em janeiro, os magistrados foram procurados por bolsonaristas em uma estratégia de aproximação do futuro ministro empossado do Supremo, Flávio Dino, com aval de Bolsonaro. A proposta é fortalecer os laços com ministros próximos a Dino com quem os aliados do ex-presidente se comunicam.
Te podría interesar
O objetivo da conciliação seria reduzir os atritos nas relações com o ministro, tendo em vista os processos sensíveis à Bolsonaro nas mãos de Dino ao ser empossado na Corte. O ex-presidente acredita na possibilidade de reversão de sua inelegibilidade no STF, decretada em junho de 2023.
O núcleo bolsonarista teve o entendimento, durante a sabatina no Senado, de reduzir a resistência à indicação do então ministro da Justiça ao Supremo, mesmo como figura central no combate à extrema direita brasileira. Os aliados do ex-presidente avaliaram que seria mais eficiente voltar seus recursos para a disputa de outras frentes, como a aproximação entre Dino e Bolsonaro.
Prisão de Costa Neto
Valdemar Costa Neto foi preso em flagrante após mandado de busca e apreensão em sua residência, na semana passada, por posse de arma de fogo sem registro. De acordo com a jornalista Camila Bomfim, da Globo News, a arma estava com documentação vencida e registrada no nome do filho do político.
Alvo da operação Tempus Veritatis, o chefe da legenda de Bolsonaro guardava uma pepita de ouro oriunda de garimpo ilegal, atividade que coloca povos indígenas, como os Yanomami em Roraima, em perigo de extinção devido à violência das disputas de terras e da contaminação dos rios.
Encontrado pela Polícia Federal durante as buscas, o metal precioso o colocou como suspeito de "usurpação de bem mineral da União". A pepita pesa 39 gramas e tem valor aproximado de R$ 12 mil.
No sábado (10), Moraes concedeu liberdade provisória a Costa Neto. Dois dias antes, a prisão em flagrante já havia sido convertida em preventiva, mas após recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente do PL vai responder em liberdade.
Segundo a decisão de Alexandre de Moraes, a idade avançada de Costa Neto, que tem 74 anos, além da ausência de violência ou grave ameaça na prática dos crimes em que é acusado, foram as principais razões para a concessão de liberdade provisória.
Com informações do O Globo.