POLÍTICA DA MORTE

VÍDEO: Sargento Fahur defende PM que arremessou jovem de ponte e execução "com 11 tirinhos"

Deputado bolsonarista fez a declaração perturbadora louvando crimes de policiais no plenário da Câmara dos Deputados

Bolsonarista Sargento Fahur defende policiais que cometeram crimes.O deputado federal Sargento Fahur em discurso na CâmaraCréditos: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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Policial militar aposentado e bolsonarista fervoroso, o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR) fez uma declaração perturbadora nesta terça-feira (4), na Câmara dos Deputados, na qual saiu em defesa de policiais militares de São Paulo que cometeram crimes chocantes. 

Fahur fez referência a dois casos recentes de grande repercussão nacional: o do PM à paisana que executou, com 11 tiros pelas costas, um jovem negro que havia furtado quatro pacotes de sabão de um minimercado; e o do policial que jogou um homem do alto de uma ponte

Ambos os PMs, além de outros agentes envolvidos nos casos, foram afastados e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo investiga os crimes. Fahur, entretanto, defendeu a atuação sádica dos policiais

"Os policiais estão desanimando de trabalhar, não confiam mais na lei (...) Tivemos um caso, choca muita gente, mas eu não fiquei chocado, de um policial jogar um cabra de uma ponta. Por que? Porque o cara chega numa conclusão de que não vai adiantar merda nenhuma levar aquele cara para a delegacia", disparou Fahur. 

Na sequência, o extremista de direita defendeu o policial que executou um jovem desarmado com 11 tiros pelas costas. 

"Outro noia vai roubar o mercado, furta 3 pacotes de sabão (...), o policial está lá fazendo compra, vê o ladrão, todo espalhafatoso, escorregando, dá onze tirinhos nele e tem que ser responsabilizado e afastado? Vai acabar a polícia de tanto afastar gente", declarou. 

Veja vídeo: 

PM que matou jovem negro no Oxxo foi reprovado no psicológico

O policial militar Vinicius de Lima Britto, que no último dia 3 de novembro executou pelas costas um jovem negro em frente a um mercado Oxxo na Zona Sul de São Paulo, foi reprovado no exame psicológico.

Ele prestou concurso pela primeira vez na Polícia Militar em 2021. Na época, segundo o resultado de sua avaliação, ele apresentou inadequação para o cargo de soldado em três requisitos: relacionamento interpessoal, capacidade de liderança e, principalmente, descontrole emocional.

A avaliação psicológica é um critério eliminatório das etapas do exame para ingresso na corporação. Assim que foi reprovado, Vinícius entrou com uma liminar contra a Fazenda Pública de São Paulo para contestar o resultado. O advogado do soldado alegou que o processo "está calcado em parâmetros de avaliação de natureza puramente subjetiva". Além disso, disse também que o candidato não foi informado dos motivos da desqualificação.

A juíza Lais Helena Bresser Lang, da 2ª Vara de Fazenda Pública, julgou improcedente o pedido em agosto de 2022 e extinguiu o processo. Ela considerou a exclusão de Vinicius do concurso é legal, já que ele foi considerado inapto para o trabalho no momento da avaliação.

A juíza considerou ainda o laudo psicológico que o desclassificou pautada em critérios técnicos e foi produzido por profissionais capacitados. Ela afirmou que Vinicius apresentou no teste descontrole emocional, impulsividade, "tendendo agir fortemente por meio de condutas instáveis e imprevisíveis" e "podendo agir sem tanta reflexão diante de inesperadas".

Pouco depois da extinção, Vinícius insistiu e conseguiu ser aprovado, em novembro de 2022, em um segundo concurso para soldado da Polícia Militar.

Veja o vídeo com a execução abaixo:

Quem é o jovem atirado de ponte por PM 

O país todo ficou chocado com uma cena perturbadora protagonizada por um policial militar de São Paulo. Um agente da PM, acompanhado de outros policiais, foi flagrado arremessando um homem do alto de uma ponte para um rio contaminado com esgoto em Cidade Ademar, bairro da Zona Sul da capital paulista, na madrugada de segunda-feira (2). 

A ação criminosa foi registrada em vídeo. Nas imagens, é possível ver um dos PMs levantando uma moto caída no chão, enquanto outro agente surge segurando um homem de camiseta azul. Na sequência, o policial empurra o homem da ponte.

Assista ao vídeo: 

A vítima foi identificada como Marcelo e trata-se de um jovem de 25 anos que trabalha como entregador de aplicativo. Em entrevista ao "Jornal Nacional", da Globo, o mecânico Antônio Donizete do Amaral, pai de Marcelo, disse que seu filho é "trabalhador" e não tem passagem pela polícia. 

"Está bem, mas não consegui falar com ele... É inadmissível, não existe isso aí. Eu acho que a polícia está aí para fazer a defesa da população e não fazer o que fez", afirmou. 

"Ele é trabalhador. Menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, não tem passagem, não tem nada. Eu gostaria de uma explicação desse policial aí e o porquê ele fez isso", declarou ainda. 

13 policiais afastados

Treze policiais militares foram afastados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) após um agente arremessar um homem rendido de uma ponte em São Paulo. Os policiais afastados estão acusados de envolvimento direto ou indireto no caso que chocou o país nesta terça-feira (3) após imagens repercutirem nas redes sociais.

Em nota, a SSP afirmou que foram dois sargentos e onze cabos e soldados envolvidos no caso, e que ficarão afastados das ruas até o fim da investigação. O órgão também informou que todos pertencem ao 24° Batalhão da Polícia Militar, em Diadema, na Grande SP.

A SSP também declarou que “repudia veementemente a conduta ilegal e instaurou um inquérito para apurar os fatos e responsabilizar todos os agentes. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a legalidade e não tolera desvios de conduta.”

Segundo as apurações, os policiais teriam dado ordem de parada ao homem e a uma outra pessoa que trafegavam em uma moto. Os suspeitos teriam fugido e, então, a PM teria perseguido ambos até o local onde um dos homens foi jogado da ponte após ser rendido. O caso ocorreu na madrugada desta segunda-feira (2).

A Corregedoria da PM também apurou que um dos homens teria sido levado para a delegacia e, até o momento, ele é a única testemunha do ocorrido. Aos investigadores, ele teria informado que o homem arremessado sobreviveu à queda. A Corregedoria está tentando localizá-lo para pegar seu depoimento.

O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudio Silva, afirmou em nota que pediu o afastamento e punições aos agentes envolvidos, mas que medidas não têm se mostrado eficazes contra a escalada da violência policial, que classificou como "política de morte e vingança".

"Sabemos, entretanto, que essas medidas não estão sendo eficazes para o estancamento desse derramamento de sangue em nosso estado, fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP", disse. 

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