Nesta sexta-feira (20), ao fim de uma semana marcada por um ataque especulativo do mercado financeiro contra o governo que fez o dólar disparar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de gravar um vídeo ao lado de Gabriel Galípolo, economista que assumirá a presidência do Banco Central (BC) a partir de janeiro de 2025, sucedendo o bolsonarista Roberto Campos Neto.
Na gravação, Lula aparece em uma mesa ao lado de Galípolo e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento) e tece elogios ao novo presidente do BC. O mandatário afirma que está "mais convicto do que nunca de que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras" e enaltece a relação de confiança que tem com Galípolo, mandando um recado de pacificação ao mercado.
"Eu queria, Galípolo, dizer para você uma coisa muito importante. Eu quero que você saiba que você está aqui por uma relação de confiança minha e de toda a equipe do governo. E eu quero te dizer que você será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve", declarou.
Lula ainda prometeu manter a autonomia do BC e não interferir na instituição pois confia na "qualidade profissional" e no "compromisso com o povo brasileiro" de Galípolo.
"Você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve (...) Certamente você vai dar uma lição de como é que se governa o Banco Central com a verdadeira autonomia", pontuou Lula.
Assista ao vídeo:
Pacificação com o mercado
Pouco antes de gravar o vídeo com Galípolo, Lula reuniu os 38 ministros de seu governo no Palácio da Alvorada para um encontro de confraternização de fim de ano.
Aos presentes, o mandatário afirmou que o novo presidente do BC lhe disse que é preciso "pacificar" a relação com o mercado financeiro, que está por trás de uma crise cambial provocada pela reação ao pacote de corte de gastos do governo apresentado ao Congresso Nacional.
Durante a reunião no Alvorada, Lula criticou a atual política de juros do BC e definiu a disparada do dólar ao longo da semana como uma "dificuldade de câmbio", minimizando o problema e dizendo que, fora isso, a economia vai bem. O presidente ainda teria dito, segundo interlocutores, estar feliz com a aprovação, no Congresso Nacional, dos projetos de corte de gastos que visam equilibrar as contas públicas.
Quem é Gabriel Galípolo
Formado em Ciências Econômicas, mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Gabriel Galípolo, aos 42 anos, ocupava o cargo de diretor de política monetária no Banco Central desde maio de 2023.
O economista também já foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda de 1° de janeiro a 20 de junho de 2023 e presidente do Conselho de Administração do Banco do Brasil de maio a julho de 2023.
Galípolo iniciou sua vida pública em 2007, quando ocupou o cargo de chefe da assessoria econômica da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (SMT) na gestão de José Serra (PSDB). No ano seguinte, assumiu como diretor da Secretaria Estadual de Economia e Planejamento de São Paulo, atual Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP),
Em seu currículo, também constam o cargo de presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021, chefe da assessoria econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos em 2007 e diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento em 2008. Em 2009, ele fundou a Galípolo Consultoria, onde foi sócio-diretor até 2022.
Também já foi professor do MBA de Parcerias Público-Privadas e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e é pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais.
Durante sua atuação como professor da faculdade de Economia da PUC-SP, entre 2006 e 2012, lecionou discilplinas como Economia Brasileira Contemporânea; Macroeconomia; Economia para Relações Internacionais; Introdução à Ciência Política; História do Pensamento Econômico; Economia Política, entre outras.
