Todo político bolsonarista faz um escarcéu com qualquer centavo de dinheiro público que seja usado por um governo, desde que não seja chefiado por um dos seus. Austeridade e respeito com o erário é um mantra, bastante demagógico, entre os integrantes da extrema direita. Mas em alguns casos essa demagogia vai muito além.
O deputado estadual paulista Lucas Bove (PL), sem convite e sem qualquer função designada pelo parlamento de São Paulo, quer simplesmente que a Alesp pague os custos de sua viagem para que ele “veja” a posse do presidente norte-americano Donald Trump. Sim, você não leu errado.
Bove solicitou à Assembleia Legislativa de São Paulo que a Casa autorize uma “missão diplomática oficial” para que ele vá aos EUA e fique lá por dez dias, tudo para acompanhar a posse de Trump, mesmo sem ter qualquer convite para participar do ato. A desculpa é a mais esfarrapada possível: “é importante que o maior parlamento da América Latina tenha representantes na posse do presidente dos EUA”.
Claro que o bolsonarista aproveitou para colocar seus delírios “ideológicos” também na justificativa, falando de uma suposta tensão entre o governo brasileiro e o dos EUA.
“Entendemos que é importante que o maior parlamento da América Latina tenha representantes na posse, principalmente considerando a relação tensa entre o Governo Federal e os EUA, que são a maior potência do mundo”, argumento Bove à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
“Como principal parceiro comercial e cultural do Brasil, os Estados Unidos desempenham papel fundamental no fortalecimento de áreas como comércio, investimentos, segurança e inovação tecnológica”, registrou o bolsonarista em seu pedido para passear no exterior com dinheiro público.