A prisão do general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL), foi destacada por lideranças do governo Lula no Congresso Nacional como um marco na consolidação das instituições democráticas do Brasil.
A decisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi vista como uma resposta contundente às ameaças ao Estado de Direito.
Solidez das instituições
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ressaltou que a prisão de Braga Netto reflete a robustez das instituições democráticas.
"A prisão de Braga Netto é uma demonstração da solidez das nossas instituições, diante das ameaças à democracia. A reconstrução do Brasil começou com a defesa do Estado democrático de direito", afirmou Guimarães em uma publicação nas redes sociais.
Avanço como democracia
Na mesma linha, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), destacou o simbolismo do caso para o fortalecimento da democracia brasileira.
"A decretação da prisão de quem quer que seja não é razão para celebração. Dito isto, o fato de que, pela primeira vez na história do Brasil, um general de quatro estrelas é preso por tentativa de golpe de Estado é, por si só, um sinal de que avançamos como democracia constitucional", disse Randolfe.
Sem anistia
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi mais incisiva ao comentar o caso e ressaltou o envolvimento de Braga Netto em um plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
"Com essa gente não pode haver impunidade. Punição para todos, a começar pelo chefe inelegível. Sem anistia", declarou Gleisi nas redes sociais.
Bolsonaro finge que não aconteceu nada
O ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado pela PF como o verdadeiro chefe da organização criminosa que arquitetou o golpe frustrado contra Lula, ignorou a prisão de seu aliado.
Neste sábado, o inelegível fez duas postagens de autoelogios ao seu governo desastroso. Uma em que elenca o que ele considera realizações da sua administração na área rural e outra das supostas conquistas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES).
Vários apoiadores dele cobraram um posicionamento. Como de praxe quando um aliado dele tomba, a resposta foi o silêncio e abandono.
Veja aqui.
Os filhos do ex-presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro também não deram um pio até agora.
Ladainha bolsonarista
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), se manifestou contra a decisão do ministro Moraes que autorizou a operação da Polícia Federal que resultou na prisão preventiva de Braga Netto. Ele classificou a decisão como um "atropelo" e criticou a fundamentação apresentada para a detenção.
"Não existindo qualquer fato novo que justificasse a prisão cautelar, a pretensa obstrução à Justiça não só não se sustenta, como revela novo prejulgamento de um juiz parcial, com a finalidade de antecipar o cumprimento da pena", escreveu o senador.
A tropa bolsonarista no Congresso fez coro ao chororô de Marinho e criticou a prisão do militar.
A deputada Bia Kicis (PL-SP), uma das principais defensoras de Bolsonaro na Câmara, afirmou que a democracia brasileira sofreu um "golpe".
"Se impõe a censura, de quem se retiram as garantias do devido processo legal e até mesmo a liberdade de questionar o sistema", declarou Kicis em uma publicação nas redes sociais.
Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos durante o governo Bolsonaro, classificou a prisão como "injusta" e disse tratar-se de uma "cortina de fumaça".
"O general preso hoje é um senhor de 67 anos de idade, que tem uma vida inteira de serviços prestados à Pátria. (...) Estamos diante de mais uma decisão do Poder Judiciário que nos causa tristeza e indignação", escreveu Damares.
Prisão de Braga Netto
Braga Netto foi preso preventivamente neste sábado (14), acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe para impedir a posse de Lula em janeiro de 2023. Segundo a Polícia Federal, ele teria atuado como mentor do plano, que incluía ações para desestabilizar o processo democrático e eliminar lideranças políticas e judiciais.