Com a eleição de Donald Trump para novo mandato presidencial nos Estados Unidos, a família Bolsonaro, bolsonaristas e até a mídia corporativa estão assanhados e há entrevistas de todo o clã, especialmente do ex-presidente, que anda muito falante e há dois dias consecutivos frequenta as páginas da Folha com seu jornalismo declaratório.
Bolsonaro fala de seus planos de voltar à presidência já em 2026, embora esteja inelegível até 2030, sem contar a imensa lista de crimes de que é acusado que podem mandá-lo para a prisão por mais de 20 anos. Um deles, o de maior gravidade, de planejar, tramar e arregimentar os comandantes das 3 Forças —Exército, Marinha e Aeronáutica— para um golpe de Estado que impedisse a posse de Lula.
A reunião com os comandantes teria acontecido logo após a confirmação da vitória eleitoral de Lula, no segundo turno das eleições de 2022.
Por que os repórteres não tentam esclarecer a posição de Bolsonaro sobre essas acusações, especialmente a do golpe, e o que o ex-presidente pensa dos depoimentos dos comandantes? Eles mentiram? O que há de verdade? Um deles o ameaçou de prisão se insistisse com o golpe de Estado?
Mas, nada. Ficam apenas escutando o inelegível declarar que é candidato, tendo como única fonte os desejos da cabeça dele.
Afinal, o ex-comandante do Exército ameaçou ou não prender Bolsonaro se insistisse com o golpe de Estado?
Os depoimentos dos comandantes das Forças tiveram seus sigilos quebrados em março. Toda a mídia deu, mas não têm curiosidade de aproveitar que o ex-presidente anda tão falante e querendo montar uma nova relação com a imprensa —como manifestou à Folha— para tocar no assunto.
A ameaça de prisão
O ex-comandante do Exército Marco Antonio Freire Gomes disse, em depoimento na Polícia Federal (PF), que o ex-presidente Bolsonaro apresentou uma minuta de golpe de Estado numa reunião no dia 7 de dezembro de 2022 na biblioteca do Palácio da Alvorada. Disse que estavam presentes ainda o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira de Oliveira.
Numa outra reunião posterior, Bolsonaro insistiu na ideia do golpe. Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica recusaram e o da Marinha, almirante Almir Garnier, aceitou participar.
Teria sido nessa reunião que o general Marco Antonio Freire Gomes, então comandante do Exército, ameaçou prender o ainda presidente Jair Bolsonaro caso levasse adiante essa tentativa de golpe de Estado, segundo palavras do tenente-brigadeiro do ar Carlos Almeida Baptista Júnior, à época comandante da Aeronáutica.
Verdade, Bolsonaro, ou seus comandantes do Exército e da Aeronáutica eram melancias comunistas?
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