O governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, vai a Brasília nesta sexta-feira (29) para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Este será o primeiro encontro entre Tarcísio e Lula após a Polícia Federal (PF) indiciar Jair Bolsonaro e apontar o ex-presidente como líder da organização criminosa que tramou um golpe de Estado no país.
Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, é aliado de primeira hora do ex-presidente e cotado para ser o candidato do bolsonarismo à presidência da República em 2026, visto que seu padrinho político está inelegível. Logo após a PF indiciar Bolsonaro, Tarcísio chegou a se pronunciar publicamente em defesa do ex-presidente, que segundo a PF teria conhecimento de um plano que envolvia, inclusive, o assassinato de Lula.
"É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", escreveu Tarcísio em suas redes sociais logo após Bolsonaro ser indiciado pela PF.
Empréstimo do BNDES
Tarcísio se reunirá com Lula para participar de um evento no Palácio do Planalto em que será assinado um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em São Paulo. O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, também estará presente.
O banco emprestará dinheiro ao governo de São Paulo para realizar a construção do trecho norte do Rodoanel e para a extensão da linha 2-verde do metrô da capital paulista.
Em julho deste ano, ao criticar a ausência de Tarcísio em suas agendas no estado de São Paulo, Lula fez questão de destacar que, em seu governo, o BNDES empresta dinheiro aos governadores independentemente do partido político. "No governo deles o banco não emprestava um centavo", disse à época, em referência ao governo Bolsonaro.
Bolsonaro indiciado
O relatório final da Polícia Federal (PF), encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) propondo o indiciamento de Jair Bolsonaro e de outras 37 pessoas, traz com detalhes o envolvimento do ex-presidente na trama golpista.
A investigação da PF é taxativa no documento. "Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, JAIR MESSIAS BOLSONARO, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade", diz trecho do relatório, sendo preservada aqui a grafia original.
O arcabouço probatório colhido pelos investigadores demonstra que o grupo investigado e liderado por Bolsonaro "criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do País desde o ano de 2019". O objetivo seria sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para que dois objetivos fossem alcançados posteriormente: "primeiro, não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral e, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato".
Leia mais detalhes sobre o relatório da PF aqui.