Em uma troca de mensagens revelada no relatório final da Polícia Federal (PF) que indiciou 37 pessoas que participaram da elaboração de uma tentativa de golpe de Estado, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, admite não ter encontrado provas de qualquer falha no sistema de votação eletrônica.
Em 4 de outubro de 2022, dois dias após a realização do primeiro turno das eleições, o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros envia a seguinte mensagem ao ex-ajudante de ordens: “espero, sinceramente, que vocês saibam o que estão fazendo”. Mauro Cid responde: “Eu tb...Senão estou preso”.
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No minuto seguinte, Cavaliere pergunta “conseguiram plotar?”, em referência a uma possível identificação de irregularidade nas eleições. “Nada...Nenhum indício de fraude”, diz Mauro Cid.
"A mensagem só ratifica o dolo criminoso dos investigados em continuar a propagar fake news sobre as urnas eletrônicas, mesmo sabendo da inexistência de fraudes", pontua o relatório da PF.
Discurso de fraude nas urnas era central para o golpismo
A investigação da Polícia Federal aponta que o grupo investigado e liderado por Bolsonaro "criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do País desde o ano de 2019".
O objetivo, segundo a PF, seria sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para que dois objetivos fossem alcançados posteriormente: "primeiro, não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral e, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato".