Na última terça-feira (19), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que prendeu quatro militares das Forças Especiais do Exército e um agente da própria PF que estariam envolvidos em um plano golpista para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação foi autorizada por Moraes no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil. No relatório que baseou as prisões, a PF apresenta detalhes sinistros do plano, traçado em novembro de 2022, logo após a eleição presidencial vencida por Lula, que visava impedir a posse do presidente eleito e manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
O planejamento do golpe teria sido discutido, segundo a PF, na casa do ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, o general Walter Braga Netto, e um documento com detalhes da "operação" para assassinar Lula, Alckmin e Moraes foi impresso no Palácio do Planalto e depois levado ao Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República que, à época, era ocupada por Bolsonaro.
A trama da organização criminosa golpista envolve uma série de nomes e circunstâncias e o relatório da PF sobre o caso contém centenas de páginas. Uma thread no X (o antigo Twitter) feita pela usuária Nanda Xie, entretanto, traz todos os detalhes sobre o planejamento dos militares bolsonaristas para matar Lula e outras autoridades de forma resumida, facilitando a compreensão do caso e evidenciando sua gravidade.
Confira:
PF finaliza lista de indiciados
Após a prisão da facção que planejou o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) finaliza na manhã desta quinta-feira (21) a lista, que já conta com mais de 40 nomes, dos membros da Organização Criminosa de Jair Bolsonaro (PL) que serão indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado.
A lista constará em um longo relatório que será entregue pelos investigadores ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.
A Fórum apurou que, diante dos fatos divulgados com o levantamento do sigilo sobre o pedido feito ao STF para a prisão da facção homicida da OrCrim de Bolsonaro, os investigadores cogitam pedir as prisões preventivas dos generais Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022. Para que isso ocorra, uma operação relâmpago pode ser desencadeada nas próximas horas.
Heleno, que seria o chefe da transição, e Braga Netto, que atuaria como coordenador do "gabinete de crise" até a instauração da Ditadura bolsonarista, são considerados peças-chaves na arquitetura do golpe. O receio é que, com as provas contundentes, os dois militares tentem fugir do país - ou, ainda, influenciar de alguma forma a atual cúpula das Forças Armadas.
Segundo fontes ouvidas pela Fórum, os investigadores estariam em contato com o comando das Forças Armadas já que a lista de indiciados vai incluir militares de alta patente.
Entre os nomes certos que serão indiciados estão o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, e o almirante Almir Garnier, que comandou a Marinha e teria colocado as tropas à disposição do golpe.
Os investigadores da PF também cortarão na própria carne. Agentes da corporação, especialmente os que atuaram sob o comando de Alexandre Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), estão na lista de indiciados.
O rol ainda inclui Anderson Torres, ex-ministro da Defesa, e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A previsão é que o documento seja entregue até o final da tarde desta quinta-feira ou, no máximo, na manhã desta sexta-feira (22).