O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria considerando incluir mais um ministério entre aqueles que terão recursos reduzidos como parte do pacote de ajuste fiscal que vem sendo elaborado por sua equipe econômica.
Desde a última semana, Lula realiza uma série de reuniões com ministros para discutir medidas que buscam equilibrar as contas do governo e cumprir o arcabouço fiscal. Embora ainda existam ajustes a serem feitos antes da apresentação oficial do pacote, o presidente já teria definido que não haverá desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo, nem cortes em benefícios sociais.
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A desvinculação do BPC do salário mínimo e a redução dos recursos destinados a áreas essenciais, como saúde, educação e aposentadorias, são demandas do mercado financeiro. Lula, no entanto, tem reiterado a interlocutores que não cederá a essas pressões e, por isso, busca outras áreas onde os cortes possam ser realizados.
Em entrevista à RedeTV! no último domingo (10), Lula sugeriu que o Congresso Nacional e o empresariado "contribuam" com o ajuste fiscal, abrindo mão de emendas e subsídios do governo.
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"Eu quero saber o seguinte: se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, o Congresso vai aceitar reduzir emendas de deputados e senadores para contribuir com ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo, vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira?", afirmou o presidente.
Já nesta segunda-feira (11), após uma nova conversa com Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que o presidente solicitou a inclusão de mais um ministério nos planos de cortes de gastos. Contudo, Haddad não especificou qual seria essa pasta.
Fontes do Palácio do Planalto indicam que o Ministério da Defesa, sob o comando de José Múcio, pode ser o próximo alvo do ajuste, com a possibilidade de cortes, inclusive, no regime de previdência dos militares.
O governo deve realizar mais reuniões ao longo desta semana antes do anúncio oficial das áreas que serão afetadas pelo pacote de ajuste fiscal.
A arrojada proposta de José Dirceu para o ajuste fiscal
José Dirceu, quadro histórico do PT e ex-ministro chefe da Casa Civil, fez um crítica contundente às pressões que o mercado financeiro vêm fazendo para que o governo Lula promova um ajuste fiscal cortando recursos de áreas essenciais como saúde, educação, salário mínimo e aposentadoria.
Desde a última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem fazendo reuniões com seus ministros para discutir um pacote de medidas a ser apresentado que visa equilibrar os gastos públicos para cumprir o arcabouço fiscal. Apesar de ainda faltarem arestas a serem aparadas antes da apresentação dessas medidas, Lula já sinalizou que não haverá desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao salário mínimo e nem cortes em benefícios sociais – uma das demandas do mercado financeira, endossada quase diariamente em editoriais da mídia comercial.
Em sintonia com o presidente, José Dirceu, que recuperou seus direitos políticos e deve ser candidato a deputado federal em 2026, afirma que o ajuste fiscal não deve ser baseado em cortes sociais e rejeita penalização dos trabalhadores e da população mais vulnerável no ajuste fiscal.
Segundo o ex-ministro, a discussão sobre o corte de gastos deve "sair dos palácios" e envolver trabalhadores, empresários e partidos. Dirceu propõe medidas mais arrojadas: tributar os mais ricos e impor limites ao que chama de "reclamos do chamado mercado".
"Entre indignado e esperançoso, convoco para um debate nacional sobre nosso futuro. Essa discussão tem que sair dos palácios e ganhar as ruas, as organizações, os sindicatos", disse Dirceu em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
"Vamos buscar recursos nas despesas tributárias e numa reforma tributária sobre a renda, riqueza e patrimônio, no Imposto de Renda da Pessoa Física, nos lucros e dividendos, senão é cortar e cortar e nunca atender aos reclamos do chamado mercado", declarou ainda.
Em entrevista à RedeTV que foi ao ar no domingo (10), Lula subiu o tom contra o Congresso Nacional, setor empresarial e mercado financeiro ao ser questionado sobre os cortes. O presidente questionou questionou se parlamentares e empresários topariam "abrir mão" de determinados benefícios para contribuir com o ajuste fiscal.
"Eu quero saber o seguinte: se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, o Congresso vai aceitar reduzir emendas de deputados e senadores para contribuir com ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo, vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se vão aceitar", disparou Lula.
Dirceu, por sua vez, endossou o posicionamento do presidente , afirmando que "não dá para ficar assistindo de camarote a essa batalha que está sendo travada entre o governo e as demandas do mercado".
"Está também correto o presidente Lula quando solicita do Congresso e do empresariado financeiro que façam sua parte no esforço fiscal. O que não dá é para cortar das despesas sociais, trabalhistas e previdenciárias", avaliou o ex-ministro.