Três dias após a apreensão realizada pela Polícia Federal, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) removeu 50 vídeos de seu canal no YouTube. A maior parte desse conteúdo aborda ou menciona o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes. A exclusão dos vídeos foi observada pelo monitoramento da Novelo Data.
Um fio compartilhado por Guilherme Felitti no Bluesky mostra que os vídeos estavam no ar antes da operação. “A limpeza aconteceu 3 dias após a PF deflagrar operação contra Gayer por desvio de verba parlamentar”, escreve o programador.
Diversos vídeos abordavam uma petição para o impeachment de Moraes no título. Além disso, há 10 publicações que mencionam o presidente Lula, 7 vídeos que fazem referência ao STF e 3 que citam o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo o levantamento. Quase metade dos 50 vídeos removidos em 28 de outubro de 2024, totalizando 24, faz referência ao ministro Moraes em seus títulos.
De acordo com o portal Núcleo Jornalismo, muitos desses conteúdos apresentam chamadas sensacionalistas e/ou desinformativas. Análises da SocialBlade, responsável por medir a audiência as estatísticas de canais do Youtube, também indicam que o canal do influenciador pode render entre R$ 515 mil e R$ 8,2 milhões anuais com publicidade, superando em muito o salário anual de R$ 471 mil como parlamentar. O cálculo é baseado no CPM, que varia conforme diversos fatores.
A operação contra Gayer foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes em uma decisão datada de 18 de outubro de 2024. Moraes destacou que investigações da Polícia Federal revelaram a existência de um grupo que buscava desviar verbas do Congresso com a conivência do deputado. Segundo a análise, os recursos seriam destinados a ações que visavam beneficiar a população, mas também estariam ligados ao financiamento dos ataques aos Três Poderes em Brasília, ocorridos em 8 de janeiro de 2023. A PF classifica Gayer como a “peça central” nas investigações relacionadas a esses crimes.
Fórum adiantou caso
Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia no dia 6 de junho deste ano, o historiador, cientista político e comunicador Carlito Neto foi enfático ao acusar de peculato o deputado federal e pré-candidato a prefeito de Goiânia Gayer. Carlito acusou o parlamentar de utilizar verbas públicas para custear o aluguel de suas empresas privadas em um imóvel em Goiânia e afirmou possuir provas.
"O Gustavo Gayer, e eu posso falar aqui com boca cheia, porque eu tenho prova, ele é ladrão, tá? Ele roubou dinheiro público pra pagar aluguel de um endereço de uma empresa privada. Eu falo isso porque eu tenho provas, ele não me processa", declarou Neto na entrevista.
"Me bloqueou nas redes sociais, porque ele é a favor da liberdade de expressão. Me bloqueou nas redes sociais, não respondeu os meus contatos pra que ele explique porque que ele usou dinheiro público pra pagar aluguel de uma empresa privada", completou.
Neto reuniu documentos e comprovantes que apontam possíveis irregularidades envolvendo o deputado bolsonarista. Segundo ele, Gayer mantém um gabinete no Setor Bueno, em Goiânia, onde também funciona sua empresa de cursos, a Academia Gayer LTDA, que não tem relação com atividades parlamentares. O uso do mesmo espaço para negócios privados configuraria peculato, ou "rachadinha”.
Gayer apareceu nas redes sociais para dizer que a polícia bateu à sua porta às 6h, no dia 25 de outubro. “Não falam o por quê que tô sofrendo busca e apreensão, claramente querendo prejudicar meu candidato Fred Rodrigues (PL-GO) aqui em Goiânia. Esses policiais viraram jagunços de um ditador”, reclamou em um vídeo divulgado em seu perfil no X, referindo-se a Alexandre de Moraes.
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