O candidato Guilherme Boulos foi muito bem votado em bairros de classe média de São Paulo, mas dividiu votos com seus adversários em tradicionais redutos do Partido dos Trabalhadores.
O psolista venceu em Pinheiros, Perdizes, Bela Vista, Santa Ifigênia e Vila Mariana.
Em Pinheiros, que segundo o Atlas do Trabalho e Desenvolvimento da Cidade de São Paulo liderava o ranking em 2010 (0,942), Boulos teve 36% dois votos, contra 26% de Ricardo Nunes. Pablo Marçal e Tábata Amaral praticamente empataram, com quase 17%.
No entanto, no Itaim Paulista, extremo da Zona Leste de São Paulo, Boulos praticamente empatou com Marçal e Nunes, com 29% cada.
É possível que o voto de protesto "contra tudo o que está aí" possa ter tido um impacto, beneficiando Marçal.
Em 2022, o presidente Lula venceu Jair Bolsonaro no Itaim Paulista por 56% a 44%.
No primeiro turno, teve ali 52% dos votos, mesmo concorrendo contra outros 10 candidatos.
Em Parelheiros, que tinha o IDH mais baixo segundo o Atlas da Prefeitura (0,680), a situação praticamente se repetiu, com o prefeito Nunes, Boulos e Marçal empatando, perto dos 28%.
Lula venceu Bolsonaro em Parelheiros em 2022 com mais de 64% dos votos. No primeiro turno, teve 60%.
Efeito Lula
Boulos não conseguiu repetir a performance do ex-presidente Lula em bairros que já estiveram entre os redutos mais fortes do PT.
Em 2022, Lula venceu Bolsonaro com 66% dos votos no Grajaú e Piraporinha, ambos na Zona Sul.
No primeiro turno daquele ano, teve 62% nos dois bairros.
Já em 2024, Boulos teve apenas 33% dos votos no Grajaú (contra 34% de Nunes e 23% de Marçal).
Em Piraporinha, o candidato apoiado por Lula marcou 37%, mas os adversários atingiram mais de 25% cada.
Em resumo, Marçal foi razoavelmente bem votado em quase toda a cidade, inclusive nos tradicionais redutos do PT. Venceu em bairros populares como Pirituba e Itaquera e só ficou abaixo dos 20% em Pinheiros, Perdizes e Bela Vista.
Para derrotar Nunes no segundo turno, Guilherme Boulos terá de conquistar o voto de protesto, mas voltá-lo contra o atual prefeito.
Isso, sem se deixar caracterizar como candidato do sistema, uma vez que é apoiado pelo presidente da República em exercício.
Ou seja, Boulos teria de transformar o pleito em um plebiscito sobre o governo municipal.
Em uma de suas primeiras postagens depois de passar ao segundo turno, apontou neste caminho:
Mais de 70% da cidade votou contra Ricardo Nunes. São Paulo quer mudança. Agora é Boulos!