Francisca Pinheiro veio de São Mateus, a vinte quilômetros do centro de São Paulo, para ver Lula na avenida Paulista.
Quem não conhece a capital paulista não imagina o esforço que pode ser sair de lá e chegar ao centro financeiro da cidade, depois de usar várias conduções.
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Francisca não apenas veio, mas vestiu-se com uma roupa que ela mesma confeccionou para a ocasião: um vestido de apoio a Boulos e Marta.
Ela já havia feito uma roupa especialmente para a posse de Lula.
Na última semana da campanha do primeiro turno, Guilherme Boulos prometeu um "banho de povo" em carreatas pelos bairros periféricos de São Paulo, onde tradicionalmente o Partido dos Trabalhadores tem grande força eleitoral.
Ao lado de Marta, a ideia era conectar com os eleitores lulistas.
Domingo, no Jardim Damasceno, Zona Norte de São Paulo, deu certo: é lá a sede da primeira cozinha solidária organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), projeto que Boulos comandou.
Ainda que a cozinha tenha sido transferida para Perus, militantes locais ainda hoje tem uma memória positiva de Boulos como deputado federal.
Meia boca
Os outros eventos de Boulos ao lado de Marta, no entanto, ao menos na aparência foram esvaziados.
O jipe conduzindo os candidatos atravessou muitos quarteirões vazios, com acenos para o nada.
Tanto que na quinta-feira, dia do debate da Globo, Boulos desistiu de ir à zona Sul alegadamente por causa de um chuvisco.
O PSOL tem forte presença em movimentos sociais de São Paulo, assim como candidatos a vereador que fizeram campanha de rua diuturnamente.
Porém, a presença física de Lula em São Paulo trouxe para as ruas os chamados "petistas históricos".
Eleitores que votaram no atual presidente já em 1989 estavam de volta.
Muitos se emocionaram com a presença da ex-prefeita Luiza Erundina, que aos 89 anos de idade aguentou o tranco de toda a carreata.
A Fórum conversou com vários eleitores dela e do PT:
Clima de otimismo
Lula deixou o evento de Boulos na metade do caminho, depois de descer a rua Augusta.
O candidato seguiu sozinho até a praça Roosevelt, tradicional ponto de encontro dos jovens de São Paulo.
Lá, a atmosfera era de otimismo.
Afinal, uma cena que não se viu desde o início da campanha se materializou: petistas com camisetas e outros adereços do PT conversavam com militantes do PSOL.
A carreata foi tão ecumênica que até sindicalistas da Força Sindical, hoje comandada por Miguel Torres, estiveram presentes, além de militantes da CUT, MST e MTST.
Não por acaso, Lula vestiu no peito um gigante número 50, em vez do tradicional 13 petista.
Foi para evitar confusão, já que os eleitores históricos do PT cravam o 13 de olhos fechados.