ORCRIM BOLSONARISTA

Augusto Heleno: cúpula militar tenta evitar indiciamento de general por "golpe" com Bolsonaro

Forças Armadas teriam mandando mensageiros à Polícia Federal, que tem provas fartas do envolvimento de Heleno na organização criminosa. Investigadores vão remeter o relatório em novembro para a PGR

Jair Bolsonaro e Augusto Heleno.Créditos: Presidência da República
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O mês de novembro está chegando e, com ele, o fim das investigações da Polícia Federal (PF), que deve indiciar Jair Bolsonaro (PL) e generais de seu ex-governo que integraram a Organização Criminosa, segundo os investigadores, que tentou um golpe de Estado após a derrota para Lula nas eleições de 2022.

Entre os integrantes da caserna, três nomes já são dados como certo como companhia de Bolsonaro nos indiciamentos: os generais Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice; Paulo Sergio Nogueira, titular da Defesa e ex-comandante do Exército; e Augusto Heleno, que esteve à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nos quatro anos em que o capitão esteve no Planalto.

Desses três, apenas Augusto Heleno tem mobilizado a cúpula das Forças Armadas para enviar mensageiros à sede da Polícia Federal para tentar convencer os investigadores a o deixarem de fora dos indiciamentos.

As investidas, no entanto, não tiveram sucesso até o momento dadas as inúmeras provas e o envolvimento fisiológico de Heleno com Bolsonaro e com a tentativa de golpe.

Egresso das fileiras da Ditadura Militar, o general foi um dos responsáveis por levar Bolsonaro de volta às fileiras militares para encabeçar o projeto "democrático" de retorno ao poder dos fardados.

Heleno foi um dos principais entusiastas da investida golpista e colocou todo o efetivo do GSI, entre eles a Abin de Alexandre Ramagem, a serviço de Bolsonaro.

Era 16 de dezembro de 2022, o general chegou a abandonar a formatura do neto no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (Ita) para pedir carona em avião da Força Aérea Brasileira (Fab) para voltar a Brasília onde se reuniria com Bolsonaro em uma reunião golpista.

A informação foi revelada pelo tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, então comandante da Aeronáutica, em depoimento à PF.

Baptista Júnior teria chamado Heleno para ir a uma sala reservada para que conversassem a respeito da questão. Uma vez sozinhos e já sabendo do que se trataria a reunião na capital, o tenente-brigadeiro diz que foi enfático ao dizer para Heleno que a Aeronáutica não embarcaria em aventuras golpistas.

O comandante da Aeronáutica então disse que Heleno ficou “atônito” quando descobriu que o golpe não teria seu apoio e tentou desconversar.

Outra prova contra Heleno é um diário apreendido na casa do general, que trazia um roteiro detalhado dos procedimentos autoritários que deveriam ser tomados após o golpe.

Entre os itens anotados, estava a prisão de delegados da PF que “cumprissem ordens manifestamente ilegais”.

O oficial-general guardava também supostos relatórios de irregularidades nas urnas usadas no último pleito presidencial, que recebiam os nomes de “Relatório de Análise Urna Eletrônica (2016)”, “Relatório de Análise dos Código-fonte dos sistemas eleitorais (2018)”, “Relatório dos testes de confirmação TPS (2019)” e “Relatório de Inspecção de Códigos-fontes do Sistema Brasileiro de Votação Eletrônica edição 2020”, o que era referido pelo general como um “Dossiê ‘O mecanismo das fraudes’”.