O deputado bolsonarista Lucas Bove (PL), envolvido em um escândalo de violência doméstica contra a ex-esposa, Cintia Chagas, busca agora se apresentar como defensor das mulheres. Em um “discurso” na Assembleia Legislativa de São Paulo, anunciou um projeto de lei para punir agressores, incluindo a cassação de parlamentares. “De qualquer vagabundo”, afirmou.
Denunciado no Conselho de Ética, prosseguiu, mas criticando a Lei Maria da Penha: “Quando tudo for esclarecido a mesma veemência se tenha na defesa do uso correto da Lei Maria da Penha, porque ela não só prejudica o acusado, mas na grande maioria de mulheres que não têm como se defender”, disse.
Em um vídeo, que ganhou grande repercussão na internet na noite de terça (15), Bove afirmou que “não pode” se pronunciar sobre o processo contra Cíntia e nem mencionar seu nome, pois a ação está sob “sigilo” no judiciário. “Fui denunciado e estou passando por um momento muito complicado porque eu nunca fugi aos debates e estou cerceado de falar qualquer coisa a respeito do tema, não posso citar nomes ou o próprio tema sob pena de ser preso”.
Ao final, o deputado bolsonarista ainda insinua que as mensagens trocadas via WhatsApp com a jornalista são “manipuladas”. “Tenho a verdade absoluta ao meu lado. Conversas podem ser facilmente manipuladas”, disse. Em 10 de outubro, Bove utilizou suas redes sociais contra Chagas. A jornalista acusou o deputado estadual do Partido Liberal (PL), eleito por São Paulo, de violência doméstica e conseguiu uma medida protetiva em seu favor. Eles estão separados desde o dia 13 de agosto.
Relembre caso
No B.O, Cíntia Chagas diz que viveu um relacionamento abusivo com o deputado e que Lucas Bove é "possessivo, ciumento e controlador". A influenciadora, em seu depoimento, relata uma série de episódios de violência, e em um desses, o ex-marido atirou uma faca contra sua perna:
“Relata que em uma determinada manhã, acordou com fortes dores no ombro; que disse ao autor que iria ao pronto-socorro, tendo ele dito que, após o jantar, ele a acompanharia. Ela disse, logo após, que deixaria para ir no dia seguinte, ocasião em que o autor, nervoso, respondeu: ‘Sua idiota, você me fez jantar rápido e agora não vai?’ (sic)”, diz trecho do B.O.
De acordo com o depoimento de Cíntia Chagas, ela foi alvo de violência física e psicológica durante um casamento com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A violência, segundo Cíntia Chagas, começou quando o seu ex-marido, o deputado bolsonarista Lucas Bove, exigiu que ela tirasse fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ela respondeu que o faria depois do jantar, mas ele não gostou da resposta, arrancou os talheres das mãos de Cíntia, a puxou da mesa e a arrastou até o local para tirar as fotos. Posteriormente, Cíntia teve dificuldade para descer um barranco no local do casamento e foi humilhada por Lucas Bove: "Vai embora! Você não serve para nada", ao que ela respondeu: "Como eu vou embora? Nós estamos em uma fazenda". O ex-marido respondeu com violência e desdém: "Fod*-se! Chama um Uber, se vira e deixa minha carteira em cima da mesa".
Ao chegarem em casa, Lucas Bove ameaçou agredi-la: "Você é uma rameira e interesseira. Se eu tivesse mais dinheiro, você não faria isso comigo [...] Se você tomar banho, eu vou queimar todas as suas roupas. Se você entrar no quarto para dormir, eu vou colocar som alto. A gente vai se separar! Você só não vai apanhar agora porque você tem 6 milhões de seguidores", disse o deputado.
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