Enquanto milhares de paulistanos seguem sem energia, quase quatro dias depois do temporal da noite de sexta-feira, 11, o candidato Guilherme Boulos apresentou hoje cinco propostas para evitar que São Paulo fique à mercê das tempestades cada vez mais frequentes.
Uma delas envolve parceria com o governo federal para enterrar os fios em regiões consideradas críticas, a partir de levantamento da origem de apagões anteriores.
Boulos reconheceu que a fiação aérea é doze vezes mais barata. Disse que é impossível acabar com os postes de São Paulo em quatro anos de mandato, mas prometeu começar o processo.
No passado, o então prefeito Fernando Haddad determinou que 250 quilômetros de fios deveriam ser enterrados por ano, mas a decisão foi suspensa por liminar. Seu sucessor, João Dória, não tentou derrubá-la, mas promoveu, em parceria com a concessionária de energia, projetos-piloto no bairro nobre da Vila Olímpia e no entorno do Mercado Municipal.
A fiação subterrânea requer menos manutenção, pode ser mais duradoura e evita os apagões por quedas de árvore ou outros tipos de acidentes. Além disso, facilita a mobilidade urbana.
Por isso, Londres torrou uma fortuna para construir túneis específicos para os fios. Paris fez o mesmo, mas num processo que vem desde 1910.
Chips em árvores
Outra proposta de Boulos é colocar chips e monitorar via satélite a saúde das árvores identificadas como de maior risco para a fiação aérea e os pedestres da cidade. A tecnologia já existe.
O monitoramento à distância reduziria a necessidade de vistorias físicas por parte de funcionários públicos.
A terceira proposta do candidato é recompor as equipes de engenheiros agrônomos das subprefeituras. São eles os responsáveis pelos laudos que determinam a remoção de árvores.
De acordo com o candidato, em regiões imensas, como a da Capela do Socorro, na zona Sul de São Paulo, existe apenas um engenheiro contratado -- um dos motivos para a longa espera enfrentada por munícipes.
Semáforos modernizados
O candidato também falou em modernizar o sistema de semáforos de São Paulo, com a instalação de 4G e de sistemas de no-break.
Até ontem semáforos em áreas nobres de São Paulo, com trânsito intenso, como Pinheiros, estavam apagados, exigindo a ação de agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Finalmente, Boulos prometeu recompor os quadros da própria CET, que segundo eles estão defasados.
Para uma emergência, como aconteceu na sexta-feira, a CET dispõe de um contingente reduzido de agentes para orientar o trânsito, resultando em congestionamentos.
Sem taxa e com Lula
O candidato disse que seu projeto de enterrar os fios não envolverá a cobrança de taxas de munícipes, como proposta feita anteriormente pelo prefeito Ricardo Nunes, mas contará com apoio do governo federal.
Também prometeu zerar a fila de espera para poda ou remoção de árvores, que segundo Boulos ultrapassa os 7.600 pedidos.
A compra de novos equipamentos para facilitar as podas e o lançamento de um aplicativo através do qual os munícipes possam registrar suas queixas também estão nos planos apresentados hoje. O prazo máximo da resposta municipal seria de 30 dias, disse o candidato.
Finalmente, Boulos anunciou uma ação coletiva na Justiça, com a participação de agências de defesa do consumidor, para que a Enel indenize todos os paulistanos que provarem ter sofrido prejuízos econômicos por causa do apagão.