Um fato inesperado por muitos, diante dos últimos debates políticos, chamou a atenção nas eleições da capital fluminense: a cidade conhecida por geralmente ter uma bancada evangélica numerosa e potente viu esse número diminuir consideravelmente no pleito do último dia 06.
A Igreja Internacional da Graça de Deus, que já havia garantido três mandatos a Jorge Manaia, enfrentou a segunda derrota consecutiva nas urnas, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Na capital paulista, André Soares, quinto filho do fundador da denominação, R.R. Soares, foi derrotado pela segunda vez. No Rio, o estreante Pastor Josias Cruz também não conseguiu se eleger.
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Durante a atual legislatura, a Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, só conquistou uma cadeira na Câmara com Matheus Gabriel, após a cassação de Gabriel Monteiro. Desta vez, no entanto, a denominação optou por não lançar Matheus à reeleição, apostando em Sandro Alves, ex-diretor de TV e atual responsável pelo braço político da igreja. Mesmo assim, o novo candidato não foi eleito.
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), sofreu uma derrota significativa ao não conseguir eleger seu candidato nas últimas eleições. Além disso, focado na candidatura de Pablo Marçal em São Paulo, Malafaia não conseguiu manter um representante de sua denominação no legislativo carioca, encerrando uma sequência de três mandatos consecutivos de Alexandre Isquierdo.
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Apesar de manter uma relação próxima com o prefeito Eduardo Paes (PSD), Malafaia concentrou seus esforços na campanha do ex-pagodeiro Waguinho Cantor (PL) para a vaga de vereador no Rio de Janeiro. O pastor, que adota uma estratégia recorrente de priorizar a eleição de vereadores no Rio e em outros estados, afirmou: "Nas últimas três ou quatro eleições para prefeito no Rio, sempre me dedico a eleger vereador. Não apoio nenhum candidato." Contudo, com apenas 9.523 votos, Waguinho terminou na quarta suplência do PL, frustrando os planos de Malafaia de conquistar uma cadeira na Câmara Municipal.
A Assembleia de Deus de Madureira, a maior denominação do Rio, apostou na reeleição de Eliseu Kessler pelo MDB, mas não obteve sucesso. O apoio de Otoni de Paula, deputado federal e cabo eleitoral de Kessler, não foi suficiente para garantir a vitória nem dele, nem do irmão do deputado, Renato de Paula, que também fracassou na tentativa de se eleger.
Na Igreja Universal do Reino de Deus, que já chegou a ter cinco vereadores durante a gestão do Bispo Rodrigues, a situação também foi desfavorável. Apesar de tentar ampliar sua bancada com Deangelis Percy, ex-coordenador do grupo Arimateia, a igreja só reelegeu dois nomes: Tânia Bastos e Inaldo Silva, ambos pelo Republicanos, com apoio da prefeitura. Percy, com 17.802 votos, ficou apenas como suplente pelo PSD.
O resultado geral foi uma expressiva redução da bancada evangélica no cenário político municipal. Denominações poderosas, como a Assembleia de Deus e a Igreja Universal, não conseguiram alcançar os resultados esperados, comprometendo a influência política que essas lideranças religiosas vinham mantendo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Essa mudança reflete uma queda no poder de transferência de votos dos líderes religiosos para seus candidatos, trazendo questionamentos sobre o futuro da presença evangélica nas instâncias legislativas.