Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, parece mesmo já estar de olho numa futura corrida ao Palácio do Planalto, uma vez constatada de forma irrevogável a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL). Pensando nos votos dos celerados bolsonaristas que terão que arranjar um candidato em 2026, o chefe do Executivo mineiro aproveitou um evento sobre segurança das mulheres no período do carnaval para lançar um discurso no melhor estilo “heterotopzêra”, como gosta a extrema direita.
Em meio à sua fala, Zema afirmou que quando o sujeito é “homem branco, heterossexual e bem-sucedido, imediatamente já é rotulado de carrascos”. Sim, você não leu errado. O governador de Minas Gerais resolveu falar das agruras de viver no topo da pirâmide social, na camada mais privilegiada da sociedade brasileira.
“Eu venho do setor privado, a empresa que eu precedi, desde os anos 2000, está entre as melhores para se trabalhar do Brasil e entre as 10 melhores de Minas Gerais. Porque lá, as pessoas são tratadas com respeito. Tem um percentual de mulheres trabalhando muito maior do que a média do Brasil. Tem negros, tem LGBTs, trabalhando e respeitados. E é muito perigoso rotular. E no Brasil, a coisa mais comum que acontece é rotular. Se alguém é homem, é branco, é heterossexual e é bem-sucedido, pronto: rotulado de carrasco. Parece que não pode ser humano. Mas pode sim. Dá para ser humano. Qualquer rótulo é perigoso. Tem político honesto e desonesto, tem empresário honesto e desonesto. Então, nós temos de começar a ver cada caso como um caso. Perigosíssimo essa questão de rotular”, disse.
Ele também aproveitou a ocasião para falar bem de sua administração e frisar que em seu governo as mulheres e minorias têm muito mais espaço do que em governos anteriores, de esquerda. O governador, aparentemente queria usar o vocábulo “progressistas”, mas se embananou e proferiu “promissores”.
“Nós vamos mostrar que o nosso governo, e eu tenho mostrado, é só olhar para quem ocupa secretarias, autarquias do meu governo. Às vezes a gente fala pouco, mas o número de mulheres, de minorias, é maior do que em governos que se dizem promissores (sic). O que é que conta mais? Discurso ou ação? Para mim, ação é o que conta. Mas parece que tem gente que gosta de acreditar só em discurso, não olha os números, não olha o que está acontecendo”, completou Zema.