SÃO PAULO

Tabata Amaral lança pré-candidatura à prefeitura de SP na laje e com coordenador do PSDB

Deputada deve retornar às suas origens na periferia; apoio tucano tem objetivo de disputar votos indecisos entre Boulos e Nunes

Tabata Amaral aposta em uma terceira via entre Nunes e Boulos para conquistar eleitorado.Créditos: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
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A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) lançará sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo na laje de sua casa, como uma aposta de terceira via entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) nas eleições municipais. O evento está programado para esta quinta-feira (25), no aniversário da cidade.

A deputada realizará a cerimônia em sua casa, localizada na Vila Missionária, bairro da Zona Sul da capital, onde mora sua mãe. A residência faz parte de uma estratégia de campanha que busca resgatar sua origem humilde e disputar votos na periferia.

O lançamento contará com a presença de nomes conhecidos no PSB: o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro do Empreendedorismo Márcio França e o apresentador José Luiz Datena – cotado para ser vice, mas que teria outros planos na carreira política.

Durante o ato, Tabata deverá lançar o manifesto "Uma só cidade", que precede seu plano de governo, com enfoque no mote de combate de desigualdades ao "superar o abismo existente entre os bairros ajardinados do centro e a periferia distante e esquecida".

O anúncio deve ser feito por meio de um vídeo desenvolvido pela equipe de marketing de sua campanha, liderada por Pablo Nobel, que já participou de trabalhos com Aécio Neves e Geraldo Alckmin, ambos pelo PSDB, e nas campanhas de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Sergio Moro (União Brasil), em 2022. Ele chegou a atuar na eleição de Javier Milei no pleito presidencial argentino, no ano passado.

Também farão parte da equipe o economista Leandro Piquet Carneiro, que foi coordenador do programa de segurança pública na campanha presidencial de Geraldo Alckmin, em 2018, e Vivian Satiro, que foi secretária de Planejamento e Entregas Prioritárias no mandato de Bruno Covas no município de São Paulo.

Datena como vice

O apresentador José Luiz Datena, que filiou-se ao PSB a convite de Tabata, é cotado para ser vice na chapa para a prefeitura de São Paulo. Em entrevista ao O Globo, ele revelou que se sente confortável em ocupar a posição de vice na chapa com Tabata: "Faço bem o papel de carregar piano. Para mim, o protagonismo é menos interessante a cada ano que passa", afirmou. 

O ministro Márcio França foi o responsável pela articulação. Na avaliação do partido, a presença de Datena na chapa com a deputada federal garantiria votos de uma parcela do eleitorado que pouco conhece sobre a pré-candidata e reforçaria a pauta da segurança pública em seu plano de governo para a capital paulista.

O apresentador avalia que houve uma diferença no programa político apresentado a ele: "Não estou dizendo que sou vice. Mas, para mim, ajudar alguém que eu acho que é capaz de ajudar o país é perfeitamente viável e muito bacana. Amanhã você pode ser ajudado". 

Datena relata a percepção de que a legenda tem pressionado um posicionamento garantido de sua parte: "Eu tenho a impressão de que o PSB tem interesse em definir logo a chapa porque todos os outros [candidatos] estão definindo [os vices]".

Contudo, ele pode não compor a chapa com a pré-candidata, mesmo aparecendo na terceira posição em pesquisa eleitoral de intenção de voto. O jornalista teria pretensões de concorrer na disputa eleitoral para o Congresso Nacional em 2026, como já ensaiava há anos: "A minha pretensão é e sempre foi o Senado". 

Apoio do PSDB

O ex-chefe da Casa Civil da prefeitura de São Paulo, Orlando Faria, integrou a pré-campanha de Tabata Amaral e afirmou o compromisso de construir uma frente de apoio do PSDB à parlamentar.

"Vou tentar montar uma frente de tucanos com a Tabata. Neste momento ela é quem tem mais adesão ao programa do PSDB", declarou.

Faria é dirigente tucano na capital paulista, onde rompeu com o mandato de Ricardo Nunes. "O [prefeito] Ricardo Nunes deformou o governo Bruno Covas. Mudou quase 80% do primeiro escalão dele. Além disso, a gestão de Ricardo Nunes, com seu excesso de bolsonarismo, não representa o legado de Covas", disse.

Em setembro de 2023, o ex-presidente do PSDB em São Paulo, Fernando Alfredo, acusou seus opositores políticos de trair o partido para favorecer a candidatura da pessedebista: "O único obstáculo para que o partido seja levado para a Tabata é o grupo em que estou", alegou ele, que é favorável à reeleição de Nunes.

Na ocasião, Alfredo relatou que Orlando Faria, "vai ao menos 3 vezes por semana" no gabinete da deputada federal, e Xexéu vai “semanalmente” tentar persuadi-la a concorrer pelo PSDB. 

Ele sugeriu que mudar de legenda seria benéfico para ela no cenário político paulistano: "Se ela migra para o PSDB, que é de centro e importante em São Paulo, pode ganhar força e prejudicar Ricardo Nunes". Tucanos ameaçaram deixar o partido caso não haja lançamento de candidatura própria ou a sigla manifeste apoio à Tabata.

Chapa de vereadores de Tabata

Durante o evento de pré-candidatura, Tabata deve lançar os componentes de sua chapa de vereadores na eleição municipal:

  • Mônica Calazans: enfermeira na capital paulista que foi a primeira brasileira a tomar a vacina contra a COVID-19;
  • Renata Falzoni: arquiteta, fotógrafa e cicloativista em São Paulo;
  • Patrícia Gama: ex-vereadora e ex-deputada com histórico de atuação na defesa dos direitos da mulher, e criadora das leis do Parto Humanizado no SUS e da Amamentação Livre;
  • Lúcia França: ex-primeira dama do estado que foi anunciada como candidata a vice-governadora por São Paulo na chapa de Fernando Haddad (PT), em 2022; e
  • José Valdo: ex-assessor da Secretaria Municipal de Educação na gestão de José Serra (PSDB).