Acusados pela CPMI dos Atos Golpistas de fazer parte do grupo que articulou a tentativa de golpe de Estado, que culminou no 8 de Janeiro, os ex-comandantes do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, e da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, dizem ter sido convidados para atuar como lobistas da indústria de armamentos logo após entrarem para reserva, ao final do governo Jair Bolsonaro (PL).
Além deles, o ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva Luiz Eduardo Ramos, também teria tido convite para ser lobista de armamentos junto ao governo.
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A informação foi revelada por Tácio Lorran e André Shalders, no jornal o Estado de S.Paulo desta segunda-feira (15), que obtiveram via Lei de Acesso à Informação (LAI), consultas dos militares feitas à Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República sobre possível conflito entre a "quarentena" e as propostas de trabalho recebidas na iniciativa privada.
Freire Gomes, que teria impedido o desmonte do acampamento golpista no QG de Brasília, recebeu convite para participar do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), segundo a consulta feita à CEP em 20 de março do ano passado, três meses após deixar o comando do Exército.
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Segundo a reportagem, o próprio Freire Gomes - que teria ameaçado Bolsonaro de prisão ao ser consultado sobre o golpe em novembro de 2022 - afirmou na consulta que teve "acesso a informações privilegiadas na área de Defesa durante o período em que ficou no Comando do Exército, bem como acesso a planos relacionados ao desenvolvimento do País, indicando, portanto, que existiria um potencial conflito de interesse".
Após a CEP determinar a continuidade da quarentena, Freire Gomes recebeu um pagamento de R$ 58.690,42 brutos como civil, além de R$ 37.792,02 que ele recebe como general da reserva.
A Abrablin, no entanto, informou ao Estadão que “Marco Antônio Freire Gomes não faz parte do quadro da associação, bem como não houve qualquer tipo de convite ou sondagem para isso".
Garnier
Já o almirante Almir Garnier, que teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro para um golpe, diz ter recebido proposta para trabalhar como consultor no Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Simde).
No suposto convite apresentado à Comissão, o Simde chega a elogiar o “notório conhecimento” de Garnier sobre assuntos afetos à defesa.
De março a junho de 2023, Garnier recebeu R$ 107.084,88 brutos, como civil, relativos ao período de quarentena. Como militar da reserva, ele recebe ainda R$ 35.967,57 mensais.
O sindicato também teria feito o convite ao general Luiz Eduardo Ramos com o mesmo teor.