8 DE JANEIRO

EXCLUSIVO: Fonte da PF dá detalhes de ação das Forças Especiais do Exército no 8/1

“General Ridauto, um ‘FE’, saiu do governo em 31 dezembro, e artefatos e imagens mostram participação das Forças Especiais na invasão”. 18ª fase da Lesa Pátria ocorre nesta sexta (29)

Um encapuzado em meio à invasão golpista do 8 de janeiro.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O Supremo Tribunal Federal determinou o início da 18ª fase da operação Lesa Pátria na manhã desta sexta-feira (29) e o alvo central das diligências da Polícia Federal é o general Ridauto Lúcio Fernandes, que foi exonerado do governo Bolsonaro, do cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde, em 31 de dezembro do ano passado, e que era integrante das chamadas Forças Especiais do Exército Brasileiro. Ele está na reserva desde fevereiro de 2018 e já tinha trabalhado com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro preso, no Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia (GO). Ridauto teria participado ativamente do planejamento dos atos golpistas e da invasão das sedes dos Três Poderes da República na fatídica tarde de 8 de janeiro, inclusive postando vídeos no meio da confusão. Mas os fatos não param por aí.

A Fórum recebeu informações sobre essa parte do inquérito de uma fonte da PF que detalhou não só o envolvimento do general Ridauto na intentona golpista, mas também de integrantes operacionais das Forças Especiais do Exército Brasileiro na condução das invasões e destruições na cartada golpista que tentou implodir a democracia do país nos primeiros dias de 2023.

“Esse general Ridauto é um ‘kid preto’ e a investigação já sabe, ou melhor, já tem uma trilha de quem seriam esses primeiros invasores. O ponto de partida para isso foi o fato de terem sido encontradas, à época mesmo, as granadas ‘bailarinas’. Chegaram a ser veiculadas na imprensa algumas imagens desse tipo de artefato, das ‘bailarinas’, que são usadas pelas Forças Especiais em operações de entrada e ingresso em locais. O que também deu essa certeza sobre a participação das ‘FE’ foi a análise daquelas imagens que mostram como aqueles elementos da linha de frente utilizaram os gradis metálicos de proteção para abrir alas, digamos assim, para entrar nos prédios... Aquela também é uma técnica empregada pelos militares profissionais das Forças Especiais”, disse o servidor da PF ouvido pela Fórum. Sobre a expressão ‘kid preto’, ela é a forma como os homens que integram, ou integraram, as Forças Especiais são chamados no jargão militar.

Granada 'bailarina', idêntica às encontradas após as invasões em Brasília

Para confirmar as conclusões da PF e do STF sobre a participação dos tais ‘kids pretos’ no 8 de janeiro, o policial federal relembra o desenrolar dos fatos no dia da tentativa de golpe, e para isso menciona as cenas gravadas dentro dos prédios invadidos, que foram o pontapé inicial para levantar a lebre que nesta sexta (29) fez com que agentes cumprissem mandados de busca e apreensão contra os fardados.

“Esse vídeo registrado naquele momento da invasão, que inclusive foi anexado pelo STF no inquérito que investiga a tentativa de golpe, mostra claramente os golpistas saudando e dialogando com os militares do BGP (Batalhão da Guarda Presidencial), aos berros, e cantando ‘Forças Armadas, salvem o Brasil’, na frente deles, a dois metros de distância, sem sofrerem qualquer tipo de repressão, o que só reforça que a atuação desses elementos de Forças Especiais, não fardados, claro, era de conhecimento daquela tropa do BGP, que é do Exército Brasileiro também, que estava ali postada e nada fazia diante do caos e do absurdo que estava acontecendo... Para a investigação, está mais do que clara a participação de elementos das ‘FE’ na tentativa de golpe”, acrescentou o servidor.

A fonte usa ainda um exemplo ocorrido há sete anos, que se tornou de conhecimento público, para exemplificar como agem esses agentes militares infiltrados, lembrando que essa não é uma prática nova, pelo contrário. O caso ocorreu em 2016, no período das manifestações contra a então presidenta Dilma Rousseff.

“As imagens que mostram a tropa do BGP parada, inclusive com alguns dos militares fazendo um sinal de consentimento com a cabeça para os invasores, foram os primeiros indícios dessa participação de gente das Forças Armadas... O que se deu ali foi algo nos moldes daquela ação do capitão Willian Pina Botelho, chamado de ‘Balta’, em 2016, que se infiltrou nas manifestações contra o governo Dilma e levou à prisão de alguns manifestantes, claro que não com a intenção de prender ninguém no caso das invasões golpistas... Mas o modelo de ação infiltrado é mesmo, mas numa dimensão muito maior”, concluiu o PF.