Investigado e prestes a perder o mandato, Sergio Moro (União-PR) terá uma preocupação extra a partir desta sexta-feira (15) quando advogados do doleiro Alberto Youssef entrarão com uma ação-bomba no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-juiz e atual senador que pode implodir toda a investigação da Lava Jato.
Segundo informações divulgadas por Robson Bonin, na revista Veja, Youssef teria reunido provas contra Moro que podem anular o acordo de delação premiada feita por ele nos primórdios da força-tarefa e que serviu de base para todo processo de lawfare conduzido por procuradores e pelo ex-juiz.
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O doleiro - que já havia sido investigado na operação do Banestado - foi detido em 2014 e teve condenação de 121 anos reduzida para três por conta de uma delação premiada homologada por Moro.
Por causa do acordo, Youssef deixou a prisão em 2016, enquanto a Lava Jato colocava nas ruas seu "projeto de poder", como definiu o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), em sentença que apontou "erro histórico" na prisão de Lula decretada por Moro.
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No entanto, o doleiro foi preso novamente em março deste ano por determinação do juiz Eduardo Appio, que substituiu Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Para decretar a prisão preventiva, o juiz considerou que o investigado mudou de domicílio sem comunicar à Justiça e que ele tem elevada periculosidade social, sendo reincidente em crimes de colarinho branco e lavagem de dinheiro. Ele lembrou ainda que Youssef foi condenado a mais de 32 anos de prisão e não há notícia de que tenha regularizado seus débitos com a Receita.
Na ação que será protocolada no STF, Youssef pede que Toffoli assuma a investigação contra Moro sobre os grampos encontrados em sua cela em 2014.
Ele afirma que houve "ingerência" do ex-juiz no inquérito conduzido pela Polícia Federal para abafar o caso e, assim, evitar a anulação do acordo de delação, fazendo com que as investigações da Lava Jato fossem anuladas já em sua fase inicial - antes de atingir os alvos principais, entre eles Lula.
A investigação da PF foi aberta em 2014 após advogados do doleiro encontrarem aparelhos para um grampo ilegal na cela onde Youssef estava preso.
A escuta teria sido implantada irregularmente para monitorar as conversas entre o doleiro e a defesa para serem usadas em achaques.
Apos a defesa de Youssef denunciar a ação ilegal, a PF abriu um procedimento interno. A apuração conduzida nos meses seguintes pela Corregedoria-Geral de Polícia Federal, especificamente pela Coordenação de Assuntos Internos, concluiu que “restou comprovada a existência de indícios” da instalação do equipamento de interceptação ambiental.
Youssef já havia tentado acessar o laudo da investigação, mas não teve êxito no período em que Sergio Moro esteve à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Apenas em 2023, sete anos depois de concluída a investigação, o doleiro conseguiu analisar o material, a partir de uma nova petição apresentada a Eduardo Appio.