No último dia 11 de agosto, quando a Polícia Federal cumpria mandado de busca e apreensão em endereço de Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro (PL), os agentes tiveram de arrombar a porta de entrada do imóvel. A operação fez parte das investigações que apuram o esquema de desvio e revenda no exterior de joias e objetos de luxo oriundos do acervo da Presidência da República.
O detalhe constrangedor desse encontro entre Wassef e os agentes da PF só foi divulgado nesta quarta-feira (30), quase 20 dias após a operação, pelo portal Uol.
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Wassef é acusado de “apagar os rastros” do esquema. Ele teria viajado aos EUA no primeiro semestre, quando o escândalo ainda começava a ser divulgado pela imprensa, para recomprar um relógio Rolex cravejado em diamantes de uma loja local, para devolvê-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU) em seguida.
De acordo com um relatório da operação produzido pela PF e encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, os agentes teriam chegado bem cedo ao endereço de Wassef no último dia 11. Entraram no prédio sem maiores problemas mas, ao chegarem ao apartamento, era como se não tivesse ninguém dentro do imóvel.
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Os agentes tentaram a campainha e as tradicionais batidas à porta. Sem sucesso, voltaram à portaria e interfonaram. Claro que não tiveram respostas.
Mas os agentes não desistiram. Observando o local, repararam em luzes acesas e puderam ouvir ruídos no interior do apartamento. Foi nesse momento que precisaram arrombar a porta do advogado.
“Foi necessário realizar o arrombamento da porta de serviço da unidade pela equipe projetada, tudo acompanhado por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)”, diz o relatório da PF.
Ao entrarem no apartamento puderam perceber que Wassef realmente não estava em casa. No local foram apreendidos documentos e correspondências trocadas pelo advogado com pessoas e empresas situadas nos EUA. Entre essas apreensões estavam documentos destinados ao banco Wells Fargo, instituição que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tem conta. Não foi revelado se de fato havia alguém dentro do imóvel.
Como o mandado previa uma busca e apreensão pessoal em Wassef, além das buscas no endereço, a PF monitorou o advogado para, dias depois, abordá-lo em uma churrascaria localizada em shopping na zona sul de São Paulo. Na ocasião dessa busca e apreensão pessoal, Wassef teve 4 celulares apreendidos – um dos quais era usado exclusivamente para se comunicar com Bolsonaro – e teve o carro revistado, que estava estacionado em vaga para pessoas com deficiência.
Na próxima quinta-feira (31) estão previstos os depoimentos simultâneos de Wassef, Jair e Michelle Bolsonaro à PF, que apura o escândalo das joias.