Tragado para o centro das atenções após ter seu nome listado na investigação da Polícia Federal sobre a Organização Criminosa que traficou joias da Presidência nos EUA, o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, pode detonar uma bomba tanto no colo de Jair Bolsonaro (PL), de quem se afastou, quanto de militares que fazem parte da Cúpula das Forças Armadas e que apoiaram a tentativa de golpe arquitetada pelo ex-presidente.
Alvo de busca e apreensão na última sexta-feira (11), o general já nutria mágoa e teria se afastado de Bolsonaro diante da inação diante da prisão do filho, ex-ajudante de ordens da Presidência da República.
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Amigo do ex-presidente desde que estudaram juntos na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), ainda nos anos 1970, Lourena Cid estaria inconformado em ver o filho preso há mais de três meses, enquanto o clã Bolsonaro seguia vida normal.
Após virar alvo da PF, a situação se complicou ainda mais e Lourena Cid vive um dilema entre se afastar definitivamente de Bolsonaro - e jogar o amigo e ex-presidente aos leões - ou ficar próximo e enfrentar as consequências das investigações juntos.
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O agravante se deu também com a cúpula das Forças Armadas, em especial do Exército, que teme que o conteúdo do celular de Lourena Cid, apreendido pela Polícia Federal, possa arrastar militares golpistas que estão na ativa e poluir ainda mais a imagem já desgastada dos fardados.
Entre militares de alta patente, já há aqueles que defendem que as Forças Armadas devem se distanciar do general, que está na reserva, e deixar o clã Cid à deriva para se explicar à justiça.
“Quanto aos militares envolvidos nos delitos, se condenados e, sem qualquer alusão às origens profissionais, caberá à Justiça Militar julgar e aplicar o estabelecido no Código Penal Militar, estando sujeitos, inclusive, a severas penas que incluem a perda de posto e da patente", afirmou ao Estadão o brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla, ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM).
Ferolla ainda lembra que chegou a alertar a cúpula militar sobre a aproximação política durante a ascensão de Bolsonaro.
“O presidente (Bolsonaro), um capitão que não teve condição de prosseguir na carreira militar, exatamente por ter, rotineiramente, violado esses dogmas, se valeu das motivações originadas pela execrável política partidária brasileira para mobilizar radicais e chegar à Presidência”, afirma o ex-presidente do STM.
"Com as fardas contaminadas pela hipocrisia e dejetos da baixa política, tentaram envolver as Forças Armadas, que imaginavam liderar”, segue o militar, ressaltando, no entanto, que "a inabalável estrutura das Instituições democráticas e, no momento, a caserna luta para recuperar o tradicional e histórico respeito do povo brasileiro, origem dos abnegados servidores e combatentes profissionais”.
Com informações d'O Globo e da Folha de S.Paulo