Um dos ex-ajudantes de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o sargento Luis Marcos dos Reis, que está preso desde maio, por conta do escândalo das carteirinhas de vacinação fraudadas, movimento R$ 3,3 milhões entre 1° de fevereiro de 2022 e o mês em que foi detido. Parte dos valores foi repassada ao chefe direto dele, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, responsável pela Ajudância de Ordens, também preso na mesma operação envolvendo os certificados de imunização falsos. O salário do militar nesse período era de R$ 13 mil, totalmente incompatível com a fortuna que entrava e saía de suas contas bancárias.
A informação é da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo e teria origem nos extratos enviados pelo Coaf para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), solicitados pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Nos documentos, que mostra um caso clássico de “movimentação atípica”, aparecem mais de R$ 1,5 milhão entrando na conta de Reis no Banco do Brasil, apenas entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023, a maior parte proveniente de 105 transações Pix.
Inexplicavelmente, no mesmo período, a quantia de R$ 1.460.000 saiu da conta, na maioria dos casos usando transferências bancárias, além de R$ 336 mil em Pix. Uma significativa para do montante era oriundo ou destinado às contas de Cid.
O Coaf, em seu relatório, deixa claro que a prática é típica do crime de lavagem de dinheiro, tendo em vista os valores, incompatíveis com a renda do investigado, e as inúmeras e constantes movimentações.
“Considerando a movimentação atípica, sem clara justificativa e as citações desabonadoras em mídia, tanto do analisado quanto do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro”, diz o relatório do Coaf.
Reis passou para a reserva do Exército Brasileiro em agosto do ano passado. Seu atual salário, sem as bonificações a que tinha direito na época em que assessorava Bolsonaro, é de R$ 9,7 mil líquidos.