QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

Marielle Franco: o que foi revelado e os próximos passos da investigação

Nova fase da investigação vai focar na participação de milicianos e do crime organizado para desvendar os mandantes dos assassinatos de Marielle e de Anderson Gomes.

Marielle Franco na Câmara de Vereadores do Rio.Créditos: Divulgação
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Denominada como Élpis, a deusa grega da esperança, a operação da Polícia Federal (PF) que levou novamente à prisão o ex-sargento dos Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, encerra a primeira fase das investigações sobre o planejamento e execução do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, e da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que também estava no carro no dia 14 de março de 2018, mas sobreviveu à saraivada de tiros.

"A novidade é que as provas colhidas e reanalisadas pela Polícia Federal confirmaram de modo inequívoco a participação de Élcio e Ronnie [Lessa, que efetuou os disparos]", disse o ministro da Justiça Flávio Dino.

Em entrevista coletiva, Dino afirmou ainda que agora inicia-se uma nova fase da investigação, focada nos mandantes do crime.

Entenda o que foi revelado e os próximos passos da investigação.

  • Após elementos que comprovam a participação no crime, o ex-PM Élcio Queiroz, até então acusado de dirigir o carro de onde Lessa efetuou os disparos, confirmou a participação dos dois no assassinato de Marielle e Anderson Gomes;
  • Élcio ainda implicou Maxwell Simões que, segundo ele, foi um dos articuladores do assassinato, atuando no planejamento do crime antes e depois da execução.
  • Suel havia sido condenado a quatro anos de prisão em 2021 apenas por obstruir as investigações, escondendo as armas após o crime e depois jogando-as ao mar. Ele também teria feito campana para acompanhar os passos da vereadora desde 2017
  • "Há convergência entre a narrativa do Élcio e outros aspectos que já se encontravam em posse da polícia. O senhor Élcio narra a dinâmica do crime, a participação dele próprio e do Ronnie Lessa e aponta o Maxwell e outras pessoas como copartícipes", disse Dino.
  • Suel foi preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e foi levado para a sede da PF, na Zona Portuária. Ele foi preso na mesma casa onde foi detido em 2019. Além da mansão, ele possui um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, no valor de R$ 2 milhões.
  • Além de Suel, outras seis pessoas foram alvos da operação desta segunda-feira (27), entre elas o irmão de Ronnie Lessa, Denis Lessa, que presta depoimento à PF.
  • Os outros cinco alvos são: Edilson Barbosa dos Santos, o "Orelha"; João Paulo Vianna dos Santos Soares, o "Gato do Mato"; Alessandra da Silva Farizote; Maurício da Conceição dos Santos Junior, o "Mauricinho"; e Jomar Duarte Bittencourt Junior, o "Jomarzinho".
  • Segundo o promotor Fábio Cardoso, a delação premiada de Élcio Queiroz fez com que "um pacto de silêncio fosse rompido" entre os integrantes da organização criminosa que assassinou Marielle e Anderson Gomes.
  • "Síntese do dia é que delação premiada do Élcio permite informações que conduzam a esclarecimento de toda a dinâmica do crime e evidentemente de outras participações", afirmou Dino.

Os próximos passos da investigação

  • Após desvendar a chamada "mecânica" do crime, sobre como foi planejado e executado o assassinato, o Ministério Público e a Polícia Federal agora vão focar nos mandantes.
  • Segundo o ministro, parte da investigação está em segredo de Justiça, mas "o certo é que nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhidas no dia de hoje".
  • Dino disse ainda que é "indiscutível" a participação de outras pessoas e que as investigações mostram envolvimento "das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro no crime".