DOER NO BOLSO

Roberto Mantovani Filho, que atacou Moraes, pode perder emprego em meio a cobranças de internautas

Netzsch, empresa alemã de bombas e acessórios para indústrias que o bolsonarista diz representar como vendedor no Brasil, veta assédio político em seu código de conduta

O empresário Roberto Mantovani Filho, que atacou Moraes e o filho do ministro no Aeroporto de Roma.Créditos: Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

*Matéria atualizada para acréscimo da nota da empresa Netzsch 

O empresário Roberto Mantovani Filho, um dos bolsonaristas que atacou Alexandre de Moraes e que agrediu o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira (14) no Aeroporto de Roma, na Itália, além de responder pelo ato no âmbito criminal, pode ter consequências financeiras

Mantovani Filho se apresenta em seu perfil do LinkedIn - que saiu do ar após a repercussão do casocomo dono da empresa Helifab e representante no Brasil da empresa alemã de bombas e acessórios para indústrias Netzsch Pumps & Systems.

Usuários das redes sociais, diante do ataque e agressão a Moraes, passaram a cobrar da Netzsch um posicionamento ou punição ao bolsonarista. A companhia alemã, inclusive, veta em seu código de conduta qualquer tipo de assédio, inclusive o político, como o deflagrado por Mantovani. 

Depois, a companhia divulgou nota informando que Mantovani foi seu representante até 2022 e que está "verificando" se ainda possui relações comercias com ele [leia a íntegra da nota a seguir], 

Empresa se pronuncia

Em nota divulgada nas redes sociais, empresa explica que Mantovani Filho não é mais seu representante desde 2022, quando a própria Netzsch adquiriu a Helifab, o que ocasionou na saída do bolsonarista da sua antiga empresa.

“Queremos deixar claro que o Sr. Mantovani nunca foi funcionário do Grupo Netzsch. O Sr. Mantovani era acionista e diretor administrativo da empresa Helifab. A empresa Helifab distribuía produtos Netzsch em uma região do Brasil. Em 2022, adquirimos a empresa Helifab. O Sr. Mantovani saiu na época da aquisição. Portanto, o Sr. Mantovani não representa mais a Netzsch”, diz a empresa em nota.

A companhia diz em outro trecho do comunicado, no entanto, que está "verificando"se ainda possui relações comerciais com Mantovani. 

"Atualmente, estamos verificando se ainda existem relações comerciais ativas entre o Sr. Mantovani e a NETZSCH e acompanharemos atentamente as investigações das autoridades", pontua. 

"O Grupo NETZSCH claramente não se alinha com as atitudes do Sr. Roberto Mantovani e condenamos veementemente suas ações e comportamento", afirma ainda a companhia. 

Leia a íntegra da nota 

"O Grupo NETZSCH claramente não se alinha com as atitudes do Sr. Roberto Mantovani e condenamos veementemente suas ações e comportamento. Também queremos deixar claro que o Sr. Mantovani nunca foi funcionário do Grupo NETZSCH. O Sr. Mantovani era acionista e diretor administrativo da empresa HELIFAB. A empresa HELIFAB distribuía produtos NETZSCH em uma região do Brasil. Em 2022, adquirimos a empresa HELIFAB. O Sr. Mantovani saiu na época da aquisição. Portanto, o Sr. Mantovani não representa mais a NETZSCH. Como uma empresa multinacional presente em dezenas de países, esperamos relacionamentos e atitudes respeitosos de todos os nossos funcionários, fornecedores e suas equipes a qualquer momento. A violência e a agressão nunca são justificáveis e nunca correspondem a manifestações políticas, sociais ou de qualquer tipo, e de forma alguma representam a postura e opiniões do Grupo NETZSCH, sua administração e seus funcionários. Levamos nosso Código de Conduta a sério, mas não verificamos ativamente as opiniões políticas de todos os nossos funcionários e parceiros de negócios, desde que não haja fatos suspeitos relatados para nós. Atualmente, estamos verificando se ainda existem relações comerciais ativas entre o Sr. Mantovani e a NETZSCH e acompanharemos atentamente as investigações das autoridades. Entendemos que também é importante obter um esclarecimento oficial dos fatos. Desejamos à família Moraes tudo de melhor e esperamos que esse tipo de incidente nunca se repita"

Entenda o caso 

A Polícia Federal abriu inquérito e as três pessoas acusadas de hostilizar, ameaçar e agredir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seu filho na última sexta-feira (14) no Aeroporto de Roma, na Itália, responderão por crimes contra a honra e ameaça, que podem levá-los a uma pena de até 2 anos e 6 meses de prisão

Moraes estava ao lado do seu filho no aeroporto de Roma, indo viajar para outro país da Europa após uma palestra na cidade de Siena, quando foi hostilizado por três bolsonaristas. “Bandido, comunista comprado”, disse uma mulher chamada Andreia Mantovani.

Em seguida, um homem identificado pela PF como Roberto Mantovani Filho, marido de Andreia, chegou a agredir o filho do ministro com um tapa. O rapaz teria tentado intervir nas agressões ao pai. Logo depois, um terceiro bolsonarista identificado como Alex Zanatta, genro de Roberto, se juntou aos outros dois detratores nas ofensas ao magistrado.

Após desembarcarem no aeroporto de Guarulhos os três foram identificados pela PF e responderão em liberdade a um inquérito. Em mensagem divulgada através das redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou o comportamento dos bolsonaristas contra o ministro do STF como "criminoso". 

"Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser 'elite' mas não tem a educação mais elementar", escreveu Dino.