Exonerado de cargo na liderança do PL na Câmara, Luciano Cavalcante, es-assessor direto de Arthur Lira (PP-AL), participava de um grupo no WhatsApp chamado "Robótica Gerenciamento", no qual trocava informações com os principais envolvidos na investigação da Polícia Federal sobre um esquema de corrupção em compras de kits de robóticas para escolas de Alagoas. Entre os membros estava a sócia da empresa Megalic, pivô do esquema.
A informações, divulgada por Fábio Serapião e Ranier Bragon na Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (7), foi obtida a partir da quebra de sigilo de Cavalcante, que seria o destinatário de maços de dinheiro entregues a seu motorista em um hotel em Brasília, conforme vídeo já divulgado pela PF.
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Segundo a PF, o grupo "Robótica Gerenciamento" era integrado por Luciano Cavalcante, por Roberta Lins Costa Melo, sócia da Megalic, e por outras quatro pessoas.
Orçamento Secreto
Após exonerar da liderança do PP na Câmara o ex-assessor Luciano Cavalcante, cujo motorista aparece em vídeo recebendo suposta propina de operadores do esquema, Lira agora terá que explicar a indicação de R$ 32,9 milhões em emendas do orçamento secreto para compra dos kits de robóticas em municípios de Alagoas.
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Lira apadrinhou R$ 32,9 milhões do orçamento secreto no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) durante o ano de 2021. Desse total, o governo, comandado por Jair Bolsonaro (PL), liberou R$ 29,7 milhões para pagamento.
Somente em Canapi, cidade de pouco mais de 17 mil habitantes, Lira enviou R$ 5,8 milhões para compra de 330 kits.
A indicação da verba consta em um documento enviado pelo próprio deputado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lista os "padrinhos" das emendas de relator, como são chamadas as verbas do orçamento secreto por serem liberadas pelo relator do orçamento no Congresso.
No entanto, um relatório da investigação conduzida pela PF mostra que auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) constatou que as escolas de Canapi não têm sequer infreaestrutra para os alunos comerem ou beberem água.
"As escolas de Canapi contempladas com os kits de robótica não tinham infraestrutura adequada, necessitado de reformas, ampliação, aquisição de bebedouros, mesas para refeitório, bancas escolares e, principalmente, notebooks a serem utilizados nas aulas com conteúdo de robótica. Houve concentração elevada de recursos para a aquisição dos kits de robótica, em detrimento de outras ações de infraestruturas necessárias", diz o relatório da CGU.
A verba milionária foi paga para a empresa Megalic, investigada pela PF e que pertence ao casal Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PP), que faz parte do grupo de Lira em Alagoas.
Segundo a PF, as contratações de Canapi e outras 42 cidades teriam sido ilicitamente direcionadas para a Megalic, que cobrava das escolas R$ 14 mil por kit, após comprá-lo por R$ 2.700 de uma empresa em São Paulo.
Em União dos Palmares (AL), cidade de 66 mil habitantes, a indicação do presidente da Câmara foi maior, de R$ 9,2 milhões. O dinheiro efetivamente liberado pelo governo para esse município foi de R$ 7,4 milhões. Na cidade, os kits também foram fornecidos pela Megalic.