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A seleção de 8 músicas para ouvir e dançar com Bolsonaro inelegível

Aumente o som, afaste os móveis da sala de casa ou do trabalho e apenas saia dançando. A playlist para embalar a sexta-feira que sepultou a vida política de um extremista

Créditos: YouTube/Reprodução
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Grande parte do povo brasileiro contou os minutos para o anúncio oficial do veredito do TSE que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível. As redes, desde as primeiras horas da manhã, não falavam de outra coisa e o ritmo é de comemoração pelo mínimo fiapo de justiça que foi aplicado ao homem que destroçou as relações sociais no Brasil com seu ódio persistente e seu autoritarismo incansável.

Para embalar a decisão da Justiça Eleitoral, que anunciou a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro por oito anos, a Fórum fez uma seleção de hits que têm tudo a ver com esse momento histórico registrado logo numa sexta-feira, o dia preferido dos brasileiros. Confira:

1 – Festa – Ivete Sangalo

Em primeiro lugar na lista está uma música que tem um significado especial para as últimas gerações. Símbolo das comemorações pelo Pentacampeonato Mundial da seleção brasileira, em 2002, a “Festa”, de Ivete Sangalo, tem total conexão com o fato histórico que ocorrerá hoje, já que fala de cultura negra, indígenas, diversidade religiosa, natureza, enfim, tudo que Jair Bolsonaro abomina e tudo que tentou destruir nos últimos quatro anos. Isso para não falar da “festa” propriamente dita, que vai rolar.

“Hoje tem festa no gueto / Pode vir, pode chegar / Misturando o mundo inteiro / Vamo ver no que é que dá / Tem gente de toda cor / Tem raça de toda fé / Guitarras de rock'n roll / Batuque de candomblé / Vai lá, pra ver / A tribo se balançar / O chão da Terra tremer / Mãe preta de lá mandou chamar /Avisou, Avisou, Avisou, Avisou / Que vai rolar a festa / Vai rolar / O povo no gueto / Mandou avisar”

2 – Apesar De Você – Chico Buarque

Um clássico entre os clássicos. Só assim é possível classificar “Apesar De Você”, de Chico Buarque. Composta no auge da repressão durante a Ditadura Militar, em 1970, era claramente dirigida ao ditador Emílio Garrastazu Médici, que não gostou nada da letra e determinou aos agentes do regime que a censurassem. Médici é um ídolo para Jair Bolsonaro, acostumado a venerar tiranos assassinos. Os versos falam por si só.

“Hoje você é quem manda / Falou, tá falado / Não tem discussão, não / A minha gente hoje anda falando de lado / E olhando pro chão, viu / Você que inventou esse estado / E inventou de inventar / Toda a escuridão / Você que inventou o pecado / Esqueceu-se de inventar / O perdão / Apesar de você / Amanhã há de ser outro dia / Eu pergunto a você onde vai se esconder / Da enorme euforia / Como vai proibir / Quando o galo insistir / Em cantar / Água nova brotando / E a gente se amando sem parar / Quando chegar o momento, esse meu sofrimento / Vou cobrar com juros, juro / Todo esse amor reprimido, esse grito contido / Este samba no escuro / Você que inventou a tristeza / Ora, tenha a fineza de desinventar / Você vai pagar e é dobrado / Cada lágrima rolada nesse meu penar”

3 – Vermelho – Fafá de Belém

Como um boçal, o ex-presidente de extrema direita passou os últimos quatro anos repetindo um bordão abobado e infantil: “nossa bandeira nunca será vermelha”. Com se alguém, algum dia, tivesse pensado em tornar rubro o pendão nacional. Mas, como a provocação e o deboche são sempre válidos, esse hino de Fafá de Belém tem tudo a ver com o este dia histórico.

“A cor do meu batuque / Tem o toque, tem o som da minha voz / Vermelho, vermelhaço, vermelhusco /Vermelhante, vermelhão / O velho comunista se aliançou / Ao rubro do rubor do meu amor / O brilho do meu canto tem o tom / E a expressão da minha cor / Vermelho! / Meu coração... / Meu coração é vermelho (hey, hey, hey!) De vermelho vive o coração, ê-ô, ê-ô! / Tudo é garantido após a rosa avermelhar / Tudo é garantido após o sol vermelhecer /Vermelhou o curral / A ideologia do folclore avermelhou / Vermelhou a paixão /O fogo de artifício da vitória avermelhou”

4 – Vou Festejar – Beth Carvalho

A diva do samba e da música brasileira Beth Carvalho, que faleceu em 2019, aos 72 anos, sempre foi uma figura ligada à política e à esquerda, fosse militando no PDT ou no PT. Participou ativamente da campanha de Lula pela reeleição em 2006, na eleição de Dilma, em 2010, no pleito disputado por Haddad em 2018 e da campanha contra a prisão injusta de líder petista histórico. “Vou Festejar”, embora não tenha uma conotação política explícita, passou a servir de hino há muitos anos para aqueles que esperam justiça contra quem lhe fez mal.

“Chora, não vou ligar / Não vou ligar / Chegou a hora, vais me pagar / Pode chorar, pode chorar / Mas chora! / Chora, não vou ligar / Não vou ligar / Chegou a hora, vais me pagar / Pode chorar, pode chorar / É, o teu castigo / Brigou comigo, sem ter porquê / Eu vou festejar, vou festejar! / O teu sofrer, o teu penar”

5 – Bella Ciao – Autoria desconhecida

Embora seja uma música de origem popular imprecisa, acredita-se que surgida no final do século XIX, “Bella Ciao” tornou-se o hino da Resistência Italiana contra o fascismo. Até hoje, quase 80 anos depois do fim da 2ª Guerra Mundial e da vitória dos países aliados sobre o nazifascismo, seus versos e sua melodia emocionam quem luta contra o autoritarismo reacionário da extrema direita mundo afora. Nunca é demais lembrar o lema repetido pelos antifascistas espalhados por todo o planeta: “Mussolini terminou pendurado num poste”.

“O partigiano portami via / O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao / O partigiano portami via / Che mi sento di morir, ir, ir / O partigiano / Morir, ir, ir / Morir-ir / Morir-ir / O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao / O partigiano, giano -ir / O partigiano, giano -ir / Morir, Morir / Bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao”

6 – Beautiful Day – U2

Bono Vox sempre foi uma voz contra o imperialismo britânico que sufocou (e segue sufocando) a Irlanda e um ativista pelo clima, pela Terra e pela democracia. “Beautiful Day” exorta seus ouvintes a contemplar um belo dia, mesmo que tudo esteja dando errado. Chama a atenção para as coisas simples e para coisas diversas, sempre frisando que não devemos deixar um “belo dia” passar batido sem curtir o que ele traz de bom. Hoje, sexta-feira, 30 de junho de 2023, sem dúvidas, é um “belo dia”.

“It's a beautiful day / Sky falls, you feel like / It's a beautiful day /Don't let it get away”

7 – Admirável Gado Novo – Zé Ramalho

Místico, Zé Ramalho, o trovador do sertão paraibano que canta e encanta com sua voz grave e letras misteriosas há tantas décadas, é o autor de uma das obras-primas da música brasileira. “Admirável Gado Novo” é uma síntese do Brasil, sobretudo do Brasil profundo, com seus cidadãos a quem se nega a cidadania. O Brasil não pode ser governado por alguém que assumidamente debocha dos pobres e se esbalda com os maganos. Nesta sexta, o TSE será responsável por punir o homem que mais fez mal ao Brasil desde a redemocratização.

“Vocês que fazem parte dessa massa / Que passa nos projetos do futuro / É duro tanto ter que caminhar / E dar muito mais do que receber / E ter que demonstrar sua coragem / À margem do que possa parecer / E ver que toda essa engrenagem / Já sente a ferrugem lhe comer / Eh, oh, oh, vida de gado / Povo marcado, eh! / Povo feliz! / Lá fora faz um tempo confortável / A vigilância cuida do normal / Os automóveis ouvem a notícia / Os homens a publicam no jornal / E correm através da madrugada / A única velhice que chegou / Demoram-se na beira da estrada / E passam a contar o que sobrou! É o Brasil!”

8 – Desprezo – Alceu Valença

O poeta pernambucano de São Bento do Una nos brindou com sua ácida e contundente “Desprezo”, que num dia como hoje cai como uma luva. A decisão do TSE tirará da vida pública um sujeito de personalidade e caráter vis, por quem nutrimos o mais profundo e sincero desprezo.

“A todo inimigo da fauna, da flora / Aquele que promove a poluição / Aos donos do dinheiro e a quem nos devora / Aos ratos e gatunos de toda nação / A todo inimigo da fauna, da flora / Aquele que promove a poluição / Aos donos do dinheiro e a quem nos devora / Aos ratos e gatunos de toda nação / Sim, vai pra toda essa gente ruim / Meu desprezo, e será sempre assim / Já não temos nenhuma ilusão”