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Último dia do Fórum Jurídico de Lisboa tem Alckmin, Marcelo Rebelo e golpista Temer

Evento na capital portuguesa reúne desde segunda (26) as elites política, judicial e empresarial brasileiras. Pela manhã, intrigas de Brasília, bolsonarismo e taxa de juros tiveram eco

Geraldo Alckmin, Marcelo Rebelo de Sousa e Michel Temer.Créditos: Agência Brasil e governo de Portugal
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De LISBOA | O 11° Fórum Jurídico de Lisboa, um dos mais importantes eventos do universo do Direito no mundo lusófono, chega nesta quarta-feira (28) ao seu último dia, que está sendo também o mais agitado. No fim da tarde (às 13h30, horário de Brasília), as presenças do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, são as mais aguardadas e provocaram mudanças no esquema de segurança até então bastante frouxo montado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Quem também virá no fim do período, mas não estará na mesa de encerramento com Alckmin e Rebelo, é o ex-presidente golpista Michel Temer (MDB). Ele participará, por incrível que parece, de um painel cujo mote é “Defesa da Democracia”, mesmo tendo atuado como um conspirador para o golpe parlamentar travestido de impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT), de quem era vice, em 2016.

Pela manhã, as passagens do ministro André Mendonça, do STF, e da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foram as que geraram mais burburinho entre os jornalistas. No caso do magistrado do Supremo, o que chamou a atenção foi a fala em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em vias de ter seus direitos políticos cassados pelo TSE, uma atitude pouco comum para um ocupante da mais alta corte do Judiciário brasileiro.

"Não acompanhei o julgamento, vi rapidamente pela imprensa. Voto numa direção prejudicial ao ex-presidente... O que espero é um julgamento justo. Assim como nós não queremos perseguição para um lado, assim como se critica perseguição a certos atores políticos, nós não podemos, por conveniência ou circunstância, compactuarmos com atitudes que não garantam os mesmos direitos de defesa e de justiça para quem não pensa ideologicamente como nós", afirmou Mendonça aos repórteres num dos átrios do prédio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Já Daniela Carneiro, que balança no cargo há algumas semanas, uma vez que o Ministério do Turismo é cobiçado por outros partidos do centrão, que oferecem a Lula “governabilidade” em troca da pasta, era a mais aguardada pela imprensa. Ela participou de uma mesa de discussões sobre “turismo, infraestrutura e governança”, mas era nítido que sua cabeça estava em outro lugar.

"Estou aqui para falar do turismo. Toda a potencialidade, a vocação que o Brasil tem, que todos muito bem sabem. A gente está aqui para representar o meu Brasil, com toda sua brasilidade. Sigo firme no meu trabalho ao longo dos últimos seis meses, para que a gente venha a fortalecer políticas públicas no Turismo, e assim, desenvolver não só a economia, mas também a sociedade e gerando cada vez mais emprego... Sigo trabalhando. A hora que o presidente me chamar para conversar... Estou aqui à disposição, para servir ao Brasil e servir ao presidente Lula, através da indicação dele. A hora que ele quiser conversar comigo, eu estarei pronta, porque eu sigo aqui com muito compromisso com esse trabalho tão importante... Eu vivo o hoje, vamos seguir hoje, de cabeça erguida, fazendo o trabalho que tem que ser feito, seguindo as orientações do presidente Lula ", disse a ministra.

Numa outra mesa, o banqueiro André Esteves, presidente do conselho de administração do banco BTG Pactual, num debate sobre "contas públicas e equilíbrio fiscal", falou sobre a atual situação econômica do Brasil, que tem dado saltos desde a chegada do presidente Lula (PT) ao poder. Mesmo avesso a entrevistas e não falando com nenhum dos jornalistas na saída do evento, Esteves fez questão de deixar subentendido que já passou da hora dos juros serem reduzidos pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, embora o bilionário não tenha citado a entidade nem o nome de Roberto Campos Neto, seu presidente.