O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) esteve no 8º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) nesta sexta-feira (2), em Belo Horizonte, onde tentou fazer uma crítica ao Governo Lula mas acabou ofendendo os estados do Centro Oeste, Norte e do Nordeste do país. Segundo o político oriundo do mercado financeiro, apenas o Sul e o Sudeste seriam terras de “gente que trabalha”, enquanto as demais regiões viveriam de auxílios do governo.
“Quando se fala em Sul e Sudeste nós temos aqui uma semelhança enorme. Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses 7 estados. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas que trabalham do que vivendo de auxílio emergencial", afirmou.
No novo mandato, o governador mineiro coleciona uma série de gafes e falas infelizes como esta. Em 21 de abril, Dia da Inconfidência Mineira, a comunicação do seu governo afirmou que a revolta ocorrida no século XVIII seria um movimento golpista contra a monarquia portuguesa que governava o Brasil, por conta de uma política fiscal que desfavorecia os mineiros em detrimento da então capital, o Rio de Janeiro.
“Temendo as consequências do golpe à Coroa Portuguesa, os inconfidentes não confessaram seus crimes. O único a fazê-lo foi Joaquim José da Silva Xavier, que se tornou o Mártir Tiradentes, ao receber a pena mais dura, em 21 de abril de 1792”, diz a publicação.
Meses antes, em fevereiro, foi a vez do governador incomodar a cidade mineira de Divinópolis. Em entrevista a uma rádio local, cometeu uma gafe vergonhosa. Após conceder sua entrevista, o jornalista Flaviano Cunha, apresentador do programa, presenteou o governador com um livro da famosa escritora Adélia Prado, contendo uma seleção com 150 poemas.
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“Muito obrigado, muito bonito o livro. Vou fazer com uso com toda certeza”, respondeu Zema. O apresentador rebateu: “Sei que o senhor lê muito”. Mas foi só elogiar os hábitos de leitura do governador, para que Zema emendasse a gafe logo em seguida: “Ela trabalha aqui?”, perguntou.
Incrédulo com a pergunta, o apresentador tentou então explicar quem seria a escritora Adélia Prado, conhecida não apenas pelos seus livros, mas pelos prêmios literários que coleciona. Adélia venceu o Jabuti de Literatura em 1978, o prêmio da Academia Brasileira de Letras de Literatura Infantojuvenil em 2007, o Literário da Biblioteca Nacional em 2010, o prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte também em 2010 e o prêmio Clarice Lispector em 2016.
Aos 87 anos, Adélia é um verdadeiro orgulho de Divinópolis, sua cidade natal, onde vive até hoje. Ela trabalhou por 28 anos como professora até dedicar-se integralmente à literatura. Entre as suas obras, a maioria de contos e poemas, destacam-se O Homem da Mão Seca, O Coração Disparado, O Pelicano, A Faca no Peito e Filandras.