VAZA JATO

Dallagnol disse ter "vontade" de devolver dinheiro da Petrobras aos EUA após veto à Fundação

Novos diálogos das mensagens apreendidas na Operação Spoofing mostram preocupação dos procuradores da Lava Jato com a repercussão do conluio com autoridades dos Estados Unidos.

Deltan Dallagnol com apoiadores na despedida da Câmara.Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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Novos diálogos entre procuradores da Lava Jato revelados pelo site Consultor Jurídico nesta quarta-feira (14) revelam que o ex-procurador-chefe da Força Tarefa e deputado cassado Deltan Dallagnol disse ter "vontade" de devolver aos EUA cerca de US$ 682 milhões que seriam pagos pela Petrobras em um acordo após a então Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge vetar, por meio de uma ADPF - sigla de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, ação para manter a ordem constitucional -, que o dinheiro fosse enviado para uma fundação que estava sendo criada pela "República de Curitiba".

Na conversa no grupo de Telegram, uma procuradora identificada como  "Carol PGR" reclama da ação da PGR e propõe a devolução do fundo da Petrobras "pro americanos" (SIC).

"RD (Raquel Dodge) passou dos limites com essa ADPF. Desfaçam esse acordo, devolvam o $ pro americanos. [...] A PGR e os intelectuais desse país acham que não precisamos desse $ aqui", disse a procuradora. "Agora a solução tem de ser de fácil comunicação. Eh devolver os recursos pro americanos, reais donos deles", emendou.

Em seguida, Dallagnol busca colocar panos quentes, concordando em parte com a colega. "Valeu Kérol, mas não podemos fazer isso, embora desse vontade às vezes rs. Vamos trabalhar numa solução", escreveu ele.

A procuradora afirma en~toa, que vai "rezar" para "Deus iluminar" os colegas de Curitiba. 

Segundo o Conjur, o diálogo aconteceu quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes suspendeu o acordo com a Petrobras que poderia viabilizar a fundação proposta pelos procuradores.

Moraes determinou o bloqueio dos valores depositados na conta da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Em outros diálogos revelados pelo site, os procuradores mostram preocupação com críticas feitas pela Lava Jato em razão do conluio com autoridades dos EUA e ataca o Ministério das Relações Exteriores.

"O clima com o itamarati está péssimo. A história Eh q vc chamou os americanos e eles estão aí ouvindo pessoas e juntando provas p ferrar a BR (Distribuidora, então subsidiária da Petrobras).To com receio deles plantarem isso na imprensa. Temos q fazer um trabalho com os jornalistas p esclarecer o q realmente está acontecendo. Se houve convite nosso, se eles estão colhendo provas etc", disse Carol PGR a Dallagnol em 8 de outubro de 2015.

No dia anterior, ela já havia falado sobre possível "repercussão na imprensa" sobre o conluio.

"Deltan, Miller me mandou uma mensagem preocupada com a repercussão na imprensa da vinda dos americanos. (...) Vlad me falou de uma multa que foi ou será aplicada à empresa. Acho que quando isso vier a tona pode gerar alguns problemas internos. Podem dizer que estamos ajudando os americanos a ferrarem com a Petrobras. Sei que eles não precisam de nós pra nada, mas se nós pudermos esclarecer em que consiste nossa ajuda a eles, acho que seria importante."

"Ok. Falei com Vlad. Faremos nota (Vc e ele e depois eu). Não há perspectiva logo de multa", respondeu Dallagnol.

Com informações do Conjur