CONTAGEM REGRESSIVA

Bolsonaro deve ficar inelegível e PL já tem plano para “se aproveitar” disso

Partido do ex-presidente de extrema direita tem em mãos toda estratégia para usar a inelegibilidade do radical, que será julgado dia 22. Entenda como ocorrerá o uso político do fato

Créditos: Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

O Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem absoluta certeza de que o extremista ultrarreacionário que um dia ocupou o Palácio do Planalto será considerado inelegível após o julgamento que ocorrerá no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no próximo dia 22, que é apenas o primeiro de uma série de julgamentos a que será submetido o mais tresloucado dos ex-mandatários brasileiros.

Bolsonaro sentará pela primeira vez no banco dos réus após perder a faixa presidencial para Lula (PT) na eleição do ano passado, quando se tornou o primeiro chefe do Executivo federal a não conseguir se reeleger após esse instituto ser introduzido nas leis brasileiras, em 1996. Este primeiro processo é em decorrência de uma inacreditável reunião que o então presidente realizou com diplomatas estrangeiros para atacar e desacreditar o sistema e a Justiça eleitorais no país, em julho do ano passado.

Valdemar Costa Neto, o “dono” do PL, conta como certa a condenação do nome máximo de sua sigla e o que se sabe é que o partido já tem em mãos toda uma estratégia para se aproveitar da inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Com a frase “vão tentar tirá-lo do jogo, mas ele seguirá mais vivo do que nunca”, Costa Neto teria revelado as intenções do PL após uma suposta pesquisa interna ter mostrado que Bolsonaro poderia ter até mais força eleitoral com seu nome fora da urna, apoiando alguém, do que propriamente numa disputa direta.

Para consolidar essa estratégia e tirar proveito do fim da carreira eleitoral do extremista militarista que chegou à Presidência por um acaso (e erro de cálculo da direita tradicional), os caciques do PL estariam construindo um discurso e uma forte campanha para retratar Bolsonaro como um “mártir” e um “injustiçado e perseguido”, para a partir daí galgarem ainda mais votos.

A retórica de quem desenvolveu essa estratégia conta até com a cara de pau de comparar a situação futura de Bolsonaro com a situação passada de Lula, que esteve preso por 580 dias, após ser condenado nos tribunais autoritários da Lava Jato, para na sequência voltar ainda mais forte e outra vez vencer a disputa pelo cargo de maior poder do país.

A única coisa que Costa Neto e o PL parecem não ter pensado muito bem é sobre como convencer o eleitor da inocência de um homem que a cada dia recebe uma nova acusação, nas mais diversas esferas, e que notoriamente manobrou para dar um golpe de Estado no Brasil e se tornar um ditador.