Quanto mais se aprofundam as investigações sobre o caso do esquema de fraude de carteiras de vacinação envolvendo Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-assessores, mais a situação do ex-presidente vai se complicando. Um dos presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Venire, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, Ailton Barros, era de uma relação tão próxima com o então chefe de Estado que o acompanhou pessoalmente para votar no dia do 2° turno das eleições do ano passado. Ele foi chamado de "segundo irmão" pelo ex-mandatário.
Barros apareceu também, nesta quinta (4), em áudios registrados dentro do Palácio do Planalto tramando um golpe de Estado com o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, o então ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato, que também foi preso no episódio das fraudes de certificados de imunização. Além disso, o "segundo irmão" do então presidente admite saber quem seria o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, fuzilada por milicianos em março de 2018.
“Ailton, você sabe, você é um velho colega meu, paraquedista. Tu é meu segundo irmão, né? Primeiro é o Hélio Negão, depois é você. Tu sabe do carinho que tenho contigo, da nossa amizade”, disse Bolsonaro a Barros num áudio encaminhado ao homem que serviu durante alguns anos com o líder extremista no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, no Rio. A divulgação da mensagem por parte de Borges foi feita em 1° de outubro de 2022, véspera da primeira volta do pleito nacional.
Nas redes sociais de Barros, uma série de publicações mostra a intimidade dele com Bolsonaro, já depois do radical de extrema direita ter se tornado presidente da República. Ele tentou uma vaga como deputado federal pelo PL, partido de Bolsonaro, na última eleição, mas não conseguiu se eleger, mesmo usando a figura do “irmão” famoso e com grande eleitorado.
O envolvimento – Ailton Barros foi procurado pelo tenente-coronel Mauro Cesar Cid para cumprir a missão de conseguir um certificado falso de vacinação para sua esposa, Gabriela Santiago Ribeiro Cid. O “velho amigo” de Bolsonaro conseguiu o documento frio e o obteve com a ajuda de um ex-vereador carioca, Marcelo Siciliano (PP).