BASE DO GOVERNO

Lula começará a se reunir com bancadas dos partidos no Alvorada

Presidente vai começar a dialogar com deputados e senadores diretamente, sem intermediários

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que começará, em breve, a se reunir com as bancadas dos partidos que se dizem da base do governo no Congresso. Serão reuniões noturnas no Palácio da Alvorada. O objetivo é ouvir os parlamentares e “sentir o pulso” do Congresso. Adicionalmente, o presidente pretende começar a se libertar do jugo do presidente da Câmara, Arthur Lira, que hoje controla com mão de ferro a Casa que preside e chantageia o governo diariamente.

Lula admitiu a interlocutores na última semana que está desinformado sobre o que acontece no Congresso, e quer entrar em campo. Já está decidido o processo dos encontros: será bancada a bancada, por partido, sendo uma reunião com deputados e outra com senadores.

Na última quarta-feira, Lula reuniu-se com os senadores emedebistas Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM), surpreso com a recusa de ambos de participarem da CPI dos Atos Golpistas -acabaram sendo indicados os senadores Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Marcelo Castro (PI).

Lula soube no encontro que o presidente da Câmara tem influência decisiva sobre a CPI e que, da mesma maneira como Lira havia vetado a presença de Lindbergh Farias (PT-RJ) e André Janones (Avante-MG) na CPI, vetou a condução de Calheiros e Braga à presidência da comissão. Os dois senadores haviam sido informados dias antes pelo senador Davi Alcolumbre (UB-AP) do veto de Lira e comunicou a retirada do apoio dele próprio e de outros parlamentares à pretensão de ambos. Contando os votos dos titulares da CPMI, Calheiros e Braga chegaram à conclusão que seriam derrotados pelo candidato de Lira, o deputado federal Arthur Maia (UB-BA), lirista-bolsonarista. Ele acabou eleito por consenso na sessão de instalação da comissão.

Na noite de ontem, terça-feira (30), o presidente da CPMI, Arthur Maia, mostrou as garras, como relator do projeto inconstitucional do Marco Temporal. Fez uma defesa aberta do genocídio indígena e deblaterou contra a “criminosa Funai”.

As informações que Lula recebeu na reunião com Calheiros e Braga e outras convenceram-no da situação crítica no Congresso Nacional, especialmente na Câmara. E levaram o presidente a assumir diretamente o diálogo com os parlamentares.