Josué Bengtson, pastor e líder máximo da Igreja Quadrangular, além de ex-deputado federal, que foi condenado no escândalo da "máfia das ambulâncias", no chamado "Casos dos Sanguessugas", no meio dos anos 2000, viu seu nome voltar ao noticiário nos últimos dias. Um avião da denominação evangélica por ele controlada foi apreendido pela Polícia Federal no aeroporto de Belém (PA) com mais de 290kg de skunk, uma forma de maconha potencializada. Para completar o “azar” do clérigo ultraconservador, veio à tona seu parentesco com a ex-ministra bolsonarista e hoje senadora Damares Alves (Republicanos-DF), de quem é tio e até a empregou em seu gabinete na Câmara dos Deputados há mais de 20 anos.
Para ilustrar melhor o cenário conturbado em que está inserida uma figura de grande relevo no universo evangélico brasileiro, e por consequência da vida política, já que, após mandatos como parlamentar federal, Josué também passou a apoiar abertamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Fórum recolheu informações sobre um outro integrante da família Bengtson, que igualmente está com problemas com a Justiça, e não é de hoje.
Marcos Bengtson, filho do pastor Josué, é desde 2010 acusado pela tortura e assassinato de José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé, um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), morto numa fazenda de Santa Luzia do Pará (PA), em setembro daquele ano. Embora 13 anos já tenham se passado e a Justiça tenha agido com morosidade maior do que a habitual, o réu aguarda a data de seu júri popular.
Poucos dias após o bárbaro crime, dois pistoleiros e Marcos foram presos em cumprimento de ordens judiciais, em Belém, mas pouco tempo depois deixaram a prisão por determinação do Tribunal de Justiça do Pará. O conflito agrário, segundo uma reportagem do jornal Brasil de Fato, de 2019, teria origem na ocupação de terras que seriam devolutas, localizadas no perímetro da Fazenda Cambará, mas numa gleba, a Pau D’Arco, que teria sua origem na grilagem. A família Bengtson apresenta-se como a proprietária da área.
Há registros ainda, reporta a matéria do Brasil de Fato, de que Marcos já estaria envolvido em outras ameaças atreladas ao conflito com os sem-terra instaurado na localidade. Em 2015, uma dupla de jovens teria sido atacada a tiros e coronhadas, enquanto que um ano antes, em 2014, o filho do pastor da Igreja Quadrangular teria destruído as demarcações realizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na área em disputa após uma visita de fiscalização do órgão federal.
**Errata: A Fórum indicou erroneamente a identificação da foto anterior que ilustrava a reportagem. Nela aparecia um outro filho de Josué Bengtson, Paulo, que foi identificado de maneira incorreta como Marcos. A imagem e a informação já foram corrigidas. Pelo equívoco, pedimos desculpas.