"TÁ NA BÍBLIA"

O "contorcionismo" de Dallagnol para explicar fala sobre submissão da mulher ao homem

Veja o porquê a tentativa do ex-deputado de esclarecer declaração abjeta feita em entrevista ao Roda Viva não tem qualquer sentido

Deltan Dallagnol em entrevista ao Roda Viva.Créditos: Reprodução/TV Cultura
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Desde a noite de segunda-feira (29), o ex-procurador Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado federal cassado por unanimidade em julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vem recebendo uma enxurrada de críticas nas redes sociais devido a uma declaração abjeta que fez em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. Nesta terça-feira (30), ele foi às redes sociais para tentar se explicar, fazendo um "contorcionismo" argumentativo.

A fala se deu durante uma crítica ao PL das Fake News que está em tramitação no Congresso Nacional. O ex-parlamentar foi questionado pela jornalista Vera Magalhães sobre a notícia falsa que havia disseminado dando conta de que a proposta legislativa, caso aprovada, iria censurar trechos bíblicos - uma informação totalmente mentirosa

Segundo Dallagnol, o PL prevê restrição a conteúdos nas redes sociais que representem "riscos relacionados a violação de direitos fundamentais". Ele defendeu que as pessoas tenham liberdade para dizer que mulher é submissa ao homem, pois "está na bíblia". 

"É restringir, por exemplo, o alcance de versículos bíblicos que falam que dentro do lar existe uma liderança do homem sobre a mulher. Não importa se você concorda ou não com isso, seu eu concordo ou não, o que importa é que isso está na bíblia e que isso feriria aquela cláusula específica sobre igualdade de gênero", disparou. 

Contorcionismo 

Diante das críticas, Dallagnol foi às redes sociais, nesta terça-feira (30), para tentar explicar a fala abjeta sobre submissão da mulher ao homem, mas seu "esclarecimento" não faz qualquer sentido. Ele ainda acusou os críticos de praticarem "intolerância religiosa". 

"A esquerda e a imprensa militante estão dando um show de preconceito e intolerância religiosa: mentem ao dizer que eu defendi a superioridade do homem sobre a mulher. Fake news: o que eu defendi é que líderes religiosos não tenham sua liberdade de expressão religiosa censurada por falar o que está na Bíblia", escreveu o ex-procurador. 

Acontece que a fala foi feita em crítica ao PL das Fake News, proposta legislativa que visa combater crimes, notícias falsas e discurso de ódio nas redes sociais - e não censurar trechos bíblicos em cultos religiosos, por exemplo. 

Ao afirmar que não defende a submissão da mulher ao homem, mas sim que "líderes religiosos não tenham sua liberdade de expressão censurada por falar o que está na bíblia", o ex-deputado, na verdade, defende que discursos do tipo possam ser reproduzidos nas redes sociais sob a premissa de que se trata de "liberdade religiosa", sendo que o ambiente digital tem muito mais alcance que um culto em um templo, por exemplo. 

Isto é, o PL das Fake News visa restringir discursos que fomentem qualquer tipo de opressão nas redes sociais, independente de estar na bíblia ou não. O que Dallagnol prega, com sua fala, é que este tipo de conceito possa sair dos templos e circular livremente no ambiente digital sem qualquer tipo de moderação do Estado