O deputado estadual Renato Freitas (PT-PR), quando foi vítima de uma "inspeção aleatória" da Polícia Federal (PF) em um voo comercial e humilhado ao ser retirado da aeronave, no início deste mês, já havia avisado que não é ele quem transporta drogas.
Nesta segunda-feira (29), a PF apreendeu 290 kg de maconha em uma aeronave da Igreja Quadrangular, instituição religiosa liderada por um tio da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo Bolsonaro.
Ao repercutir a notícia, Renato Freitas ironizou publicando o vídeo da revista policial a que foi submetido. Naquela ocasião, depois de ser liberado para seguir viagem pela PF, o deputado havia afirmado: "O carregamento tá em outro voo".
"Eu avisei", escreveu Freitas ao compartilhar o vídeo em questão.
Confira
"Inspeção aleatória" em Renato Freitas; relembre
Em comunicado oficial divulgado no dia 11 de maio, a equipe do deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) rebateu a nota publicada pela Polícia Federal (PF) sobre a "inspeção aleatória" a que o parlamentar foi submetido no aeroporto de Foz do Iguaçu (PR) no dia 3 de maio.
O petista, que chegou a ser retirado do avião, divulgou vídeo da abordagem e a publicação viralizou nas redes sociais. Ele tinha ido cumprir uma agenda em Foz do Iguaçu a convite do Ministério dos Povos Indígenas e, depois de embarcar em um avião no aeroporto da cidade para retornar a Curitiba, pouco antes da decolagem, policiais entraram na aeronave e o retiraram da cabine para que ele fosse revistado, mesmo já tendo passado, antes, pela inspeção na máquina de Raio X.
O petista foi submetido a uma revista completa corporal na parte de fora do avião, sendo que sua mochila também foi inspecionada. Todos os passageiros do voo o viram saindo da aeronave para levar o "geral" e, depois, retornando ao seu assento.
"Por que tentaram me constranger dessa forma no avião? Acho que é por conta da forma que a polícia nos vê, como uma ameaça", afirmou o deputado em um segundo vídeo divulgado nas redes sociais.
Ao se pronunciar sobre o caso, a Polícia Federal informou que Renato Freitas passou pela inspeção depois de já ter embarcado pois "teria se recusado a se submeter a medidas adicionais de segurança estabelecidas pela Resolução, no aeroporto de Foz do Iguaçu/PR".
"Este teria se recusado a passar pelo procedimento no local indicado e se dirigido diretamente até a aeronave. Dessa forma, a equipe de inspeção do aeroporto acionou a PF para que a acompanhasse até o avião e procedesse à inspeção devida", diz um trecho do comunicado.
O deputado, entretanto, rebate a versão.
"Ao embarcar, passou pelo detector de metais e seus pertences pelo scanner de bagagem, normalmente, assim como os demais passageiros. Depois, no entanto, uma Agente de Proteção da Aviação Civil (APAC) o interceptou, dizendo que, além de passar pelos aparelhos, ele teria sido 'sorteado' para uma revista minuciosa. Apesar de não ter sido utilizado o equipamento sorteador, Freitas atendeu prontamente, sem nenhuma resistência. Por conta do embarque estar sendo encerrado, o deputado pediu à funcionária que avisasse a companhia aérea que ele logo chegaria, para que não perdesse o voo. Em resposta, a funcionária disse que não poderia realizar o pedido e se retirou", diz um trecho do comunicado divulgado pelo mandato do petista.
"Freitas, então, na presença de outros funcionários, reafirmou que poderiam seguir com a revista nele e nos seus pertences. Como não houve interesse da revista por parte dos funcionários que estavam ali, Renato seguiu para o avião, onde minutos depois foi surpreendido pela Polícia Federal, acompanhada justamente de um dos funcionários que já haviam se negado em fazer a revista no scanner de bagagem. O funcionário, inclusive, admitiu, diante da PF, e da gravação que Freitas fez pelo celular, que o deputado havia permitido a revista no momento do embarque", prossegue a equipe do parlamentar.
De fato, no vídeo gravado pelo próprio deputado da abordagem, já depois que ele tinha sido retirado do avião, os agentes falam em "inspeção aleatória" e, em momento algum, mencionam que Renato Freitas teria se recusado a passar pelo procedimento logo após o Raio X.
"Ao contrário do que afirma a nota, o deputado em momento algum se negou a passar pela revista, ainda que seja no mínimo estranho que ele tenha sido o único “escolhido” para tal procedimento durante o embarque. Em todo o momento, Freitas esteve disposto a seguir todas as orientações dos funcionários, como os vídeos demonstram. Além disso, a nota também não menciona as câmeras de segurança do Aeroporto, que poderiam esclarecer o caso", ressalta a nota do petista.
O deputado Renato Freitas, agora, diz esperar que as imagens do circuito interno de segurança do aeroporto sejam divulgadas "a fim de elucidar qualquer dúvida que se tenha sobre o ocorrido".