Às vésperas de completar um mês de criação, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas começa a funcionar no Congresso Nacional. A primeira reunião do colegiado antecipa o clima de confronto entre a base e a oposição bolsonarista que deve marcar os trabalhos.
Nesta quinta-feira (25) ocorreu a primeira reunião do colegiado para eleição do comando. O deputado Arthur Maia (União-BA) foi eleito presidente, e os senadores Cid Gomes (PDT-CE) e Magno Malta (PL-ES), primeiro e segundo vice-presidentes, respectivamente. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ficou com a relatoria.
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Clima de confronto
Os governistas que participam da CPMI defendem que o trabalho dos deputados, deputadas, senadores e senadoras aponte financiadores, mandantes e autores intelectuais, agressores e, inclusive, parlamentares que apoiaram direta ou indiretamente a tentativa de golpe.
Já os parlamentares da oposição bolsonarista atuam para amenizar a gravidade da tentativa de golpe e imputar a responsabilidade dos atos golpistas de 8 de janeiro em uma suposta omissão do Governo Lula.
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Antes mesmo da eleição dos integrantes da mesa houve um bate-boca entre o senador bolsonarista Marcos Do Val (Podemos-ES) e o senador Otto Alencar (PSD-BA), que na condição de parlamentar mais antigo presidiu a eleição do comando do colegiado.
Alencar chamou a atenção de Do Val por interromper a fala do senador Eduardo Girão (Novo-CE). "Eu sei da sua procedência da polícia, mas aqui é Senado, não é delegacia de polícia. Vossa Excelência se mantenha calado. Aqui é Senado Federal, se comporte como senador" disse o senador veterano.
Fatos e narrativas
Em sua primeira fala na presidência da CPMI, o deputado Arthur Maia disse que o trabalho do colegiado vai prestar um trabalho à democracia e seguir todos os trâmites do processo democrático. Afirmou ainda que a comissão se dedicará a "esclarecer os fatos e não confirmar narrativas".
Ele destacou que não é razoável que a que ocorreu no dia 8 de janeiro, com a invasão dos Três Poderes, e nada disso seja investigado por essa própria Casa.
"Nós sabemos que há uma narrativa de que tudo o que aconteceu está envolvido em uma orquestração maior de um possível golpe para interromper a democracia. E isso tem que ser investigado. Não pode passar em branco. Por outro lado, eu sei também, que existe a narrativa que houve facilitações. Enfim, todos esses discursos existem, mas todos nós, senadores e deputados, temos a obrigação de com toda honestidade colher as provas e fazer isso publicamente", declarou Maia.
Tentativa frustrada de golpe
A senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI, agradeceu pela confiança e disse ser preciso investigar com seriedade "um dos atos mais terríveis da história brasileira", os ataques de 8 de janeiro aos Poderes da República.
"Houve uma tentativa de golpe, mas não conseguiram o golpe. É um fato claro: todos nós aqui somos contra aquilo que aconteceu. Independentemente do que é base e do que é oposição. Queremos garantir, no Brasil, a democracia cada vez mais forte e firme", declarou Eliziane.
A parlamentar celebrou a representatividade das mulheres na CPMI, inclusive ao assumir um dos principais postos.
"Na CPI da Pandemia a gente sequer tinha assento e hoje as mulheres estão aqui. As mulheres estão hoje na relatoria de uma das mais importantes comissões de inquérito do Congresso Nacional. Isso significa, mulheres, que nós podemos", disse a relatora.
Plano de trabalho
Eliziane informou que apresentará o plano de trabalho na próxima reunião, prevista para quinta-feira da próxima semana, dia 1 de junho, a partir das 9h. Ela assegurou que vai garantir as prerrogativas de todos os membros da comissão, respeitando a pluralidade dos partidos.
Integrantes da CPI dos Atos Golpistas
A comissão tem 16 deputados e 16 senadores titulares e o mesmo número de suplentes. De acordo com o requerimento de criação da CPMI, o grupo terá 180 dias para investigar os atos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas por bolsonaristas.
Titulares
No Senado
- Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
- Marcelo Castro (MDB-PI)
- Soraya Thronicke (União-MS)
- Davi Alcolumbre (União-AP)
- Marcos do Val (Podemos-ES)
- Cid Gomes (PDT-CE) - primeiro vice-presidente
- Eliziane Gama (PSD-MA) - relatora
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Ana Paula Lobato (PSB-MA)
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Magno Malta (PL-ES) - segundo vice-presidente
- Esperidião Amin (PP-SC)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
Na Câmara
- Arthur Maia (União-BA) - presidente
- Duarte (PSB-MA)
- Amanda Gentil (PP-MA)
- Carlos Sampaio (PSDB-SP)
- Duda Salabert (PDT-MG)
- Paulo Magalhães (PSD-BA)
- Rafael Brito (MDB-AL)
- Aluisio Mendes (Republicanos-MA)
- Rodrigo Gambale (Podemos-SP)
- André Fernandes (PL-CE)
- Delegado Ramagem (PL-RJ)
- Filipe Barros (PL-PR)
- Rubens Pereira Júnior (PT-MA)
- Rogério Correia (PT-MG)
- Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
- Erika Hilton (PSOL-SP)
Suplentes
No Senado
- Izalci Lucas (PSDB-DF)
- Fernando Dueire (MDB-PE)
- Sergio Moro (União-PR)
- Styvenson Valentim (Podemos-RN)
- Giordano (MDB-SP)
- Professora Dorinha Seabra (União-TO)
- Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP)
- Angelo Coronel (PSD-BA)
- Irajá (PSD-TO)
- Zenaide Maia (PSD-RN)
- Augusta Brito (PT-CE)
- Jorge Kajuru (PSB-GO)
- Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
- Jorge Seif (PL-SC)
- Luis Carlos Heinze (PP-RS)
- Cleitinho (Republicanos-MG)
Na Câmara
- Felipe Francischini (União-PR)
- Gervásio Maia (PSB-PB)
- Evair Vieira de Melo (PP-ES)
- Any Ortiz (Cidadania-RS)
- Josenildo (PDT-AP)
- Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Emanuel Pinheiro Neto (MDB-MT)
- Roberto Duarte (Republicanos-AC)
- Mauricio Marcon (Podemos-RS)
- Marco Feliciano (PL-SP)
- Nikolas Ferreira (PL-MG)
- Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
- Aliel Machado (PV-PR)
- Carlos Veras (PT-PE)
- Delegada Adriana Accorsi (PT-GO)
- Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
Assista a reunião