TRUNFO ELEITORAL

Tarifa Zero em São Paulo: a grande aposta de Ricardo Nunes

Prefeito de São Paulo precisa de marca em seu governo para garantir reeleição e vê saída em implantação da Tarifa Zero

O prefeito de SP, Ricardo Nunes, e o governador Tarcísio de Freitas.Créditos: Flickr
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Dois meses depois de ser protocolada, a PEC da Tarifa Zero foi discutida na Câmara Municipal de São Paulo pela Subcomissão da Tarifa Zero. Essa gratuidade do transporte público seria efetivada por meio da criação do Sistema Único de Mobilidade (SUM), e já é uma demanda antiga, que marcou as jornadas de junho há uma década, em 2013. Ricardo Nunes (DEM), prefeito de São Paulo, mira a implantação dessa gratuidade, vista como importante para tentar se reeleger na capital paulista.

A demanda que nasceu como proposta de movimentos da esquerda ganhou espaço na propaganda política de Nunes, prefeito de centro-direita. No fim do ano passado, recebeu cópia da proposta de Tarifa Zero do deputado federal Jilmar Tatto (PT), que desde 2020 já pautava isso. No mesmo mês, Nunes afirmou que seria “difícil implantar tarifa zero”. Porém, seu discurso tomou outro rumo nos últimos meses, porque a tarifa zero é uma das cartas que guarda na manga para a campanha eleitoral de 2024. Outros nomes têm surgido para protagonizarem essa proposta, e tirá-la do papel evita o surgimento de outros opositores para Nunes, que por sua vez usaria a Tarifa Zero como “trunfo eleitoral”.

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Nunes também sofre pressão de seu principal aliado, o presidente da Câmara, Milton Leite (União). Em março, o prefeito recorreu à iniciativa privada incentivando projetos, levantamentos, investigações e estudos que pudessem colaborar com a implantação desse projeto. No mesmo mês, foi discutida na Câmara a possibilidade de reduzir a tarifa, isto é,mdiminuir o valor da passagem, ao invés da gratuidade. Mas é notável que o prefeito desfruta de um acúmulo de caixa inédito em São Paulo: R$ 26 bilhões, valor nunca visto antes na história da cidade.

Alguns entraves são colocados em discussão, como a preparação da infraestrutura para o aumento substancial da demanda por ônibus. Isso porque a cidade terá de aumentar o número de corredores, expandir a frota e ampliar os terminais para suportar o aumento de passageiros. Porém, principalmente após a pandemia, esse número reduziu substancialmente. As empresas de ônibus teriam que mudar seu sistema que depende diretamente da demanda desses passageiros, que está em queda, e isso envolve negociações com pagamento de subsídios pela prefeitura cada vez maiores.