Gabriela Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (19) no âmbito do inquérito que apura um esquema de fraudes em cartões de vacinação.
Aos investigadores, Gabriela admitiu que usou um certificado de vacina fraudado, criado a partir das inserções de informações falsas sobre vacinação contra a Covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, e ainda responsabilizou seu marido pelo crime.
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Mauro Cid, por sua vez, prestou depoimento à PF na quinta-feira (18). Diferente de sua esposa, entretanto, o ex-braço direito de Bolsonaro, que está preso, entrou mudo e saiu calado da oitiva com os investigadores.
Durante o depoimento, ele alegou não ter tido acesso ao conteúdo completo da investigação, e, diante dessa declaração, a PF não insistiu em fazer perguntas.
De acordo com as investigações, informações falsas foram inseridas irregularmente no sistema do Ministério da Saúde. Os dados fraudados registraram que Bolsonaro, sua filha e pessoas próximas haviam recebido doses da vacina contra a Covid-19. No entanto, o próprio Bolsonaro nega que ele e sua filha tenham se vacinado.
Os dados falsos foram inseridos no sistema em dezembro de 2022, e em seguida o aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu comprovantes de vacinação em nome de Bolsonaro. Posteriormente, o registro falso da vacina foi removido.
A polícia suspeita de que os dados falsos tenham sido inseridos para beneficiar Bolsonaro e a família no caso de o comprovante de vacina ser exigido no exterior.
"Cada um segue sua vida"
Jair Bolsonaro conversou com a imprensa nesta quinta-feira (18) após deixar o Senado, onde esteve para fazer uma visita a seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Ao ser questionado sobre a prisão de Mauro Cid e a fraude realizada no sistema do SUS para alterar dados de vacinação, Bolsonaro reforçou que não sabia de nada e buscou se distanciar da imagem do militar.
"Eu não tenho conversado com ele. [O processo] está em segredo de justiça. Eu vi o rodapé de uma reportagem... isso é ele com o advogado dele. Ele é um excelente oficial do Exército brasileiro. Ele fez o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado. Cada um segue com a sua vida”, disse Bolsonaro.
Após jogar Mauro Cid na fogueira, o ex-presidente voltou a afirmar que não teria motivo para alterar os seus dados de vacinação, visto que os Estados Unidos não exigem tal comprovação. "Não tinha exigência para entrar nos Estados Unidos, estar vacinado, meu Deus do céu”, declarou o ex-presidente à imprensa.