Investigado em inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) que tratam sobre tentativa de golpe de Estado, apropriação indevida de joias milionárias e fraude em cartões de vacina, Jair Bolsonaro, com medo da prisão, que fica cada vez mais iminente, resolveu amansar seu discurso e adotar um tom "conciliador".
Em rápida entrevista ao deixar o Senado, onde esteve nesta quinta-feira (18) para visitar o gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente se esquivou de perguntas sobre as investigações que pesam contra ele e tentou se colocar como uma figura equilibrada, dizendo que "ninguém pode admitir o que aconteceu em 8 de janeiro", se referindo à tentativa de golpe deflagrada por seus apoiadores, que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
"No 8 de janeiro eu repudiei as ações, ninguém podia admitir o que aconteceu, uma agressão às instituições democráticas. A gente procura paz porque os problemas que acontecem no Brasil, todo mundo sofre", declarou.
Bolsonaro chegou a dizer até mesmo que não pretende atrapalhar o governo Lula nas votações de projetos no Congresso Nacional, como a do novo arcabouço fiscal.
"Estão votando aqui o arcabouço fiscal. Não há da nossa parte ideia de impedir qualquer votação, o PL é um partido grande na Câmara, a gente não vai fazer uma reação, uma oposição radical. Não é isso. Apesar de não simpatizarmos com o governo, já sabemos, imagina o passado, nós queremos colaborar para que o Brasil não fracasse, não afunde", prosseguiu.
Alvo de inquérito também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por questionar o sistema eleitoral brasileiro, em um processo que pode o tornar inelegível, o ex-presidente ainda fez questão de dizer que as eleições de 2022 são "página virada" e que não guarda rancor do atual governo.
"Repito, eleições 2022 é página virada. Temos conversado com o partido. 2026 só se discute depois de 2024. Queremos trazer para a normalidade, sem rancor da nossa parte", disparou.