Quem pensa que já ouviu todo o arsenal de bizarrices sobre os quatro intermináveis anos de Jair Bolsonaro à frente do Palácio do Planalto, saiba que há ainda coisas inacreditáveis de tão absurdas. Uma delas veio à tona nos últimos dias com a informação de que seu governo comprou sardinha em lata, linguiça calabresa e bisteca suína fresca para dar aos indígenas Yanomami do extremo norte do país.
Para piorar e tornar tudo ainda mais inacreditável, já que esse tipo de alimento jamais poderia ter sido oferecido (e sequer cogitado) para essas populações autóctones, uma parte da carga de alimentos, a das bistecas, não teria sido entregue aos destinatários.
Por trás desse mar de confusão com indícios de irregularidades está a empresa H. S. Neves Junior, com sede em Boa Vista (RR), aberta em 2020, dois meses antes de celebrar seu primeiro contrato com o poder público. Pouquíssimo tempo depois ela se tornou uma das que mais realizou vendas para a gestão de Jair Bolsonaro, especificamente para a Funai. Todas sem licitação. Sem falar nos contratos milionários com o governo de Roraima, chefiado pelo bolsonarista inveterado Antonio Denarium, e nas transações realizadas com as Forças Armadas.
O nome da empresa tem tudo a ver com seu dono. Helvercio Sevalho Neves Junior, um jovem de 26 anos, que num estalar de dedos conseguiu contratos de R$ 188 milhões com o Executivo estadual roraimense, de R$ 5 milhões com a Funai e de R$ 586 mil com as Forças Armadas. No entanto, Helvercio pegou R$ 3 mil em parcelas do auxílio emergencial, no início da pandemia da Covid-19, um benefício voltado para pessoas em situação de extrema vulnerabilidade econômica e social.
Em janeiro deste ano, o jovem que assinou contratos milionários com governos de diferentes esferas foi obrigado a devolver os R$ 3 mil que pegou do auxílio emergencial, já que não se enquadrava nos requisitos para ser beneficiário de tais pagamentos.