Prestes a perderem o “direito” de demonizar os homossexuais nas redes sociais com um discurso de ódio vergonhoso do qual fazem uso diariamente, os deputados da chamada bancada evangélica, integralmente formada por representantes de igrejas neopentecostais e apoiadores do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PL), querem mudar o texto do Projeto de Lei (PL) das Fake News. Se for aprovado da forma como é hoje, a enxurrada de mentiras grotescas e as falas odiosas e preconceituosas postadas na internet serão excluídas em pouquíssimo tempo e seus autores serão punidos.
“As vedações e condicionantes previstos nesta Lei não implicarão restrição ao livre desenvolvimento da personalidade individual, à livre expressão e à manifestação artística, intelectual, de conteúdo satírico, religioso, político, ficcional, literário ou qualquer outra forma de manifestação cultural, nos termos dos arts. 5º e 220 da Constituição Federal”, diz o único trecho do texto atual do PL das Fake News, uma passagem bastante genérica que poderia contrariar os interesses dos evangélicos, que querem seguir atacando gays, lésbicas e pessoas trans “com base na Bíblia”, mas ignorando completamente a Constituição.
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Inconformados com a alteração legal que pode pôr fim ao discurso de ódio que alimenta seus radicalizados fiéis e os coloca num ambiente de convívio quase que medieval, representantes da bancada foram se encontrar com o relator do Projeto de Lei, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), na quarta-feira (26), na tentativa de introduzir alterações que garantam a permanência do “infame” direito de perseguir cidadãos por conta de sua orientação sexual.
Desde sempre contrários às conquistas civis dos homossexuais e à criminalização da homofobia, o grupo numeroso de parlamentares extremistas quer agora interferir numa legislação que promete revolucionar o combate aos crimes ocorridos no ambiente virtual, evocando um suposto “amparo bíblico” para continuarem a descarregar ódio contra uma parcela da população.