Em 22 de novembro de 2021 o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, enviou uma carta ao príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud, da Arábia Saudita, em que fez agradecimentos ao monarca pela recepção dada à comitiva brasileira no país, que contou com a presença do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre os temas tratados, comentou a respeito das joias presenteadas à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Mas se engana o leitor que crer que Albuquerque revelou aos sauditas que as joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, estavam apreendidas na Receita Federal. Em vez disso, afirmou que os presentes teriam sido incorporados ao acervo nacional. “De acordo com a legislação nacional e o código de conduta da administração pública”, diz a carta.
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No entanto, como se sabe, o pacote jamais entrou de fato no Brasil. Acabou apreendido na alfândega do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após tentativa da comitiva de Albuquerque de trazê-las ao país sem as devidas declarações à Receita Federal. Um auxiliar de Albuquerque chegou a improvisar um estojo escondido dentro de uma mochila para entrar com as joias, segundo relatos divulgados na imprensa.
Talvez ele se referisse a um segundo pacote, contendo um kit da marca suíça Chopard com relógio, caneta, abotoaduras, anel e rosário, supostamente destinado ao próprio Jair Bolsonaro, que passou despercebido pelos agentes em Guarulhos e entrou no país.
Conforme apontado pelo jornal O Globo, a Receita Federal busca informações para intimar os ex-ministro sobre o caso. À imprensa, o ex-ministro reiterou sua versão dos fatos e disse que agiu conforme as normas legais.