Uma ação movida pela coligação Brasil da Esperança (PT-PCdoB-PV) contra o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) na Justiça Eleitoral do Paraná ganhou novos contornos. Notas fiscais que mostram o pagamento de valores que chegam a R$ 103 mil a um ex-estagiário foram descobertas pela acusação e serão juntadas ao processo.
Matheus Almeida Rios Carmo, que foi estagiário do MPF e é advogado do ex-procurador da Lava Jato, recebeu quantias acima dos R$ 100 mil durante o período de pré-campanha eleitoral por serviços prestados ao Podemos no ano passado.
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O ex-assessor de Dallagnol e ex-estagiário do MPF abriu seu escritório em fevereiro de 2022 e, no mês seguinte, já emitiu notas fiscais de prestação de serviços ao partido de Deltan.
O domínio do site de Dallagnol foi criado sob o nome do irmão de Matheus, Bruno Levi Almeida Rios Carmo, que trabalha com marketing digital. Desde 2022, a Federação sustenta que os gastos indicariam um desvio nos valores de campanha.
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A defesa de Deltan alegou que a contratação de Matheus foi feita "para a promoção de pautas partidárias como o combate à corrupção e renovação política e critérios de confiança”.
As notas fiscais, contudo, mostram que Mateus estaria prestando "serviços advocatícios e consultoria jurídica" ao ex-promotor lavajatista. A descrição dos serviços contrapõe o motivo apresentado pelos advogados de Deltan na peça, que busca impugnar a candidatura do ex-promotor.
"Os documentos revelados novamente demonstram o que temos dito desde o ano passado, apesar de Deltan esconder a verdade e mentir sobre os pagamentos. Primeiro, que os valores são até maiores do que imaginávamos. Segundo, que não há nada nas notas que mencione "consultoria política" do ex-assessor, justificativa de Deltan para o pagamento exorbitante e tão precoce de Matheus pelo Podemos/PR", afirmou o advogado da federação, Luiz Eduardo Peccinin, em nota enviada à Fórum.
"Segundo, a sequência numérica das notas revela que Matheus não possui "vasta" atuação jurídica, como também sustentado pelo seu ex-chefe, mas sim que o Podemos foi o único cliente de Matheus, mesmo já possuindo advogados especialistas contratados. Cada vez mais fica claro que Deltan está mentindo para não revelar essa suspeita relação à Justiça Eleitoral", completa.
Em uma fase anterior do processo - que não foi para frente no ano passado - a defesa de Deltan afirmou que não haviam irregularidades na prestação de serviços.
A assessoria de Dallagnol foi procurada pela Fórum e enviou uma nota sobre o processo. "A documentação que teria sido juntada segundo a imprensa, mas que não consta nos autos, pela Federação “Brasil da Esperança” não traz nenhuma novidade ao processo movido contra Deltan Dallagnol e nem indica a existência de quaisquer atos ilícitos. Pelo contrário, os fatos trazidos já foram examinados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR) em outra ação ajuizada em 2022, que o TRE/PR julgou improcedente por unanimidade. O TRE/PR entendeu que a ação era vaga e genérica e que não existem provas de irregularidades na pré-campanha de Deltan Dallagnol ou na atividade político-partidária do Podemos/PR", diz o documento.