O advogado Rodrigo Tacla Duran, que promete apresentar provas que podem incriminar o ex-juiz Sergio Moro, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (27) ao juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), no âmbito do processo que é réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht.
Há anos Tacla Duran denuncia práticas ilegais da operação Lava Jato e o depoimento, marcado após a revogação de sua prisão preventiva, traz grandes expectativas de que sejam apresentadas provas contra Moro.
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Entre as denúncias, Tacla Duran afirma ter pagado US$ 613 mil a um advogado ligado a Moro para não ser preso.
Assista ao depoimento de Tacla Duran à Justiça
Entenda
No auge da Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht entre 2011 e 2016, acusou o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro, de intermediar negociações paralelas dele com a força-tarefa da operação.
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As conversas de Zucolotto com Tacla Duran envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que o ex-advogado da Odebrecht deveria pagar em um acordo de delação premiada. Em troca, segundo Duran, Zucolotto seria pago por meio de caixa dois. O dinheiro serviria para "cuidar" das pessoas que o ajudariam na negociação, segundo correspondência entre os dois que o ex-advogado da Odebrecht diz ter em seus arquivos.
Tacla Duran foi acusado de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa pelo Ministério Público Federal. O advogado tentou fazer delação premiada, mas as negociações fracassaram. Ele teve a prisão decretada por Moro. Chegou a ser detido na Espanha em novembro de 2016. Em janeiro, foi libertado. O Brasil pediu a sua extradição, mas a Espanha negou – Tacla Duran tem dupla cidadania.
Em 2018, já como ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran prestou um longo depoimento para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. À época, Duran afirmou que "as pessoas precisam conhecer o lado obscuro de Sergio Moro".
Arrolado como testemunha de defesa do então ex-presidente Lula, Tacla Duran teve o seu depoimento rejeitado cinco vezes por Moro. Duran, antes mesmo de o ex-juiz ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como juiz suspeito por atuar com parcialidade, alertava para os métodos do magistrado.
“Moro emite opinião contra réu. Isso é pré-julgamento que viola um princípio básico de direitos humanos, pois os julgamentos precisam ser técnicos, isentos e imparciais. O dr. Moro me ofendeu em rede nacional, ao vivo, me prejulgou e me condenou. Ele feriu a Lei da Magistratura também por não me ouvir como testemunha do presidente Lula”, disse Tacla Duran na Comissão, em 2018.
Em seguida, ele afirma que, mesmo tendo se apresentado de livre e espontânea à força tarefa da Lava Jato, sempre foi tratado como criminoso. “Desde 2016, quando me apresentei à força-tarefa da Lava Jato para dizer que era advogado da Odebrecht, sou tratado como criminoso. Nunca apresentaram provas contra mim. Aqui na Espanha já arquivaram acusações contra mim por falta de provas. A operação Lava Jato se tornou um polo de poder político capaz de moer reputações, de destruir empresas e instituições. Digo isso com tranquilidade, pois jamais fui filiado ou militei em qualquer partido político”, previu Tacla Duran.