A operação deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira (22) que levou à prisão nove pessoas que estariam organizando um plano para matar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que é ex-juiz da Lava Jato, além de outras autoridades, fez renascer nas redes sociais um vídeo do último período eleitoral. A justificativa para tal “retaliação” do PCC (Primeiro Comando da Capital) ao ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), diz o próprio alvo das ameaças, seria a transferência do criminoso mais perigoso do Brasil e líder máximo da organização criminosa: Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
No entanto, em outubro do ano passado, em plena campanha eleitoral, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), à época candidato junto com Lula (PT), mostrou numa entrevista coletiva que os trechos do livro de Moro que tratam sobre a transferência de Marcola são a prova de uma farsa. Alckmin mostra com detalhes a mudança de presídio do chefe do PCC e revela que Moro não teve qualquer relação com o episódio que gosta de “bancar”, para posar de “corajoso”, e ainda revelou que Bolsonaro tentou impedir a transferência, exigida pelo Ministério Público de São Paulo e autorizada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por puro medo.
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O episódio com as explicações do vice-presidente voltou à tona depois que Lula acusou Moro de ter “armado” a tal ameaça de morte que teria sido feita pelo PCC. A Operação Sequaz, que resultou na prisão de nove pessoas suspeitas de serem integrantes do PCC que atentariam contra Moro e outras autoridades, teve seus mandados de busca e apreensão e de prisão assinados pela juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na Lava Jato.
“Sobre a transferência do preso Marcola, diz o Moro no livro que ele escreveu depois que deixou o ministério: ‘Mas a poucos dias da deflagração da Operação Império, fui surpreendido com uma mensagem dele Bolsonaro no meu celular sugerindo o cancelamento as transferências. Bolsonaro disse estar receoso de possíveis retaliações do crime organizado contra a população civil e temia que, se isso acontecesse, o governo federal fosse responsabilizado, inclusive com o impeachment no Congresso’. O Moro escreve no seu livro que o Bolsonaro lhe manda um e-mail pedindo o cancelamento, que não fosse feita a transferência. A transferência foi pedida antes do Bolsonaro assumir por um pedido do Ministério Público de São Paulo, e foi autorizada no começo de 2019 por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo. Não foi o Bolsonaro que pediu, foi o MP, quem autorizou foi o Judiciário, e o Bolsonaro, diz o Moro, tentou impedir a transferência do Marcola”, disparou Alckmin em coletiva concedida em outubro de 2022.
Veja o vídeo: