BANDEIRA BRANCA?

Moro faz discurso moderado e frio, e sinaliza trégua com Lula e PT

“Façam um gesto para superar esse episódio (a frase de Lula)... Fui eleito para olhar o presente e o futuro”, disse o ex-juiz da Lava Jato, após ser ameaçado de morte pelo crime organizado

Sergio Moro discursa no Senado.Créditos: TV Senado
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O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) fez um discurso esta noite (22), na tribuna do Senado República, tratando de um dos assuntos mais importantes do dia: a operação da Polícia Federal que descobriu um plano do crime organizado para matá-lo, como reação às suas ações quando era ministro da Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Por conta de uma frase dita na terça-feira (21) pelo presidente Lula (PT) durante uma entrevista, que ao contar sobre seu sofrimento nos 580 dias preso em Curitiba, por causa de uma sentença do ex-juiz da Lava Jato, disse que à época pensava em “foder Moro”, boa parte da extrema direita nas redes e no mundo político passou a traçar nas últimas horas uma descabida e esdrúxula conexão entre as ameaças do PCC ao senador e um fantasioso plano de que Lula pretendia eliminá-lo.

Esperava-se que Moro embarcasse no alarido sem sentido dos bolsonaristas, mas o parlamentar de primeira viagem adotou um tom moderado e frio em seu pronunciamento sobre o caso. Embora tenha mencionado o episódio da frase de Lula, dizendo que aquilo poderia estimular algum seguir fanático a fazer uma besteira, Moro preferiu adotar uma posição de serenidade, fazendo até uma sinalização de trégua ao PT e ao próprio presidente da República.

Falando calmamente, o senador falou de seu projeto para que autoridades que combatem o crime organizado recebam proteção policial devido à natureza da função desempenhada, até mesmo depois da aposentadoria. Foi aí que Moro pediu, inclusive, o apoio do governo federal e solicitou até um “gesto” da bancada do PT e dos partidos governistas, sendo ameno nas palavras.

“Pedindo vênia aos colegas, e lamentar, senador Jacques Wagner, a frase de ontem do presidente, que quando o presidente coloca frases dessa espécie, não vou falar o verbo, preservar o decoro aqui da Casa, quando o presidente fala que pretende se vingar, isso ele expõe a mim e à minha família de certa maneira a risco, porque ele incentiva comportamentos, muitas vezes de mentes influenciáveis, que pode nos colocar numa situação vulnerável... Então, esse tipo de frase, sim, tem que ser lamentado, e gostaria, mais do que de uma palavra, um gesto... Gostaria de ter, por exemplo, o apoio do governo federal, dos representantes aqui do Partido dos Trabalhadores, e da base do governo, pra esse projeto, que é um projeto suprapartidário, para que nós possamos superar e redimir esse episódio... Eu na verdade fui eleito senador e meu objetivo é olhar o presente, e olhar o futuro, porque é o que a população quer de nós”, disse Moro da tribuna do Senado.