Ponto e central e espécie de “marco zero” da operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef foi preso novamente pela Polícia Federal na noite desta segunda-feira (20). Apontado como o operador do PP dentro da Petrobras, o doleiro já tinha sido condenado a 121 anos de prisão pelo ex-juiz Sergio Moro, chegou a ficar atrás das grades por dois anos e oito meses, de 2014 a 2016, mas foi colocado em liberdade depois de um acordo de delação.
Aliás, a grande dúvida que pairou na cabeça dos brasileiros à época da delação que o “anistiou” era: como um homem que operou as remessas ilegais de bilhões de dólares para o exterior dos políticos mais influentes da região Sul, das maiores empresas de comunicação do país e que atuava de formal fulcral dentro dos maiores partidos políticos nacionais pôde se livrar tão facilmente da cadeia?
Quando Sergio Moro anunciou que Alberto Youssef estava assinando um acordo de delação, o então magistrado federal fez questão de explicar o que significava tal acordo e justificou a necessidade de firmá-lo já que o doleiro teria possibilitado, por meio de suas informações, dezenas e dezenas de indiciamentos, julgamentos e condenações relacionados a figuras extremamente importantes da política brasileira, o que por consequência teria possibilitado “recuperar” bilhões de reais.
Só que 121 anos de condenação, diante de tantos crimes admitidos e de um valor estratosférico envolvido, pela própria lógica do Direito Penal, jamais possibilitariam que isso fosse reduzido a três anos de pena, com o cumprimento de dois anos e oito meses. O excesso de “benevolência” e de “bom humor” de Moro para com Youssef, um homem “bem relacionado” com os nomes mais importantes da política e do dinheiro na República, sempre levantou discussões sobre os motivos que teriam levado o então juiz a agir assim.
Agora, com a prisão novamente decretada pelo juiz federal Eduardo Fernando Appio, que assumiu a 13ª Vara Federal em Curitiba nos mesmo processos que um dia estiveram com Moro, sob o argumento de que “há uma representação para fins penais da Receita Federal” que pesa contra o condenado, surgem os rumores de que o “doleiro das estrelas” poderia abrir a boca e explicar em que termos ocorreu o tal acordo assinado com seu algoz há alguns anos.